EDITORIAL
MANAUS – O ATUAL já havia adiantado, na quarta-feira, 17, que não haveria vacinas para início da vacinação da população com idade entre 50 e 69 anos, na segunda-feira, 22, como prometido pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Nesta sexta-feira, 19, a Prefeitura de Manaus confirmou a informação e foi além: não há garantias nem para o mês de março de que essas pessoas receberão a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
Na segunda-feira, 15, Pazuello esteve em Manaus, reuniu-se com o governador do Amazonas e com prefeitos e, em seguida, anunciou um plano de vacinação em massa na Região Norte, a começar pelos 13 municípios da Região Metropolitana de Manaus.
A medida anunciada recebeu aplausos dos bajuladores que cercavam Pazuello, mas não tiveram a coragem de perguntar como o tal plano seria executado se o país enfrenta escassez de doses de vacina, com a consequente paralisação da campanha de imunização em diversas cidades brasileiras.
Pazuello está se especializando em fanfarronice. No início de janeiro, desembarcou em Manaus para “dar um jeito” na onda de contaminação pelo novo coronavírus, pressionou prefeitos para que usassem o tal “Kit Covid-19” e disse que tudo se resolveria com facilidade. Nos dias seguintes, o que se viu na capital Manaus foi a instalação do caos, com falta de oxigênio e muitas mortes por asfixia de pessoas que necessitavam de respiração mecânica.
Com mudança da curva de morte para baixo, Pazuello, de novo, veio a Manaus para falar sobre um plano de vacinação pouco discutido e mal elaborado pelo Ministério da Saúde, porque não previu o principal: as vacinas.
Mirabolante, o tal plano de Pazuello previa o uso das Forças Armadas e da estrutura da Justiça Eleitoral para agilizar a vacinação. Os eleitores acima de 50 anos seriam vacinados nos locais de votação, nas escolas em que são instaladas as seções eleitorais.
Aplausos! Muita gente comemorou a notícia. Os homens e mulheres que completaram meio século de vida ficaram esperançosos e na expectativa de receber o imunizante.
Esse desejo de tomar a vacina foi frustrado em menos de uma semana. Pazuello sumiu. Não deu qualquer explicação e, nas reuniões que teve com prefeitos e governadores para falar sobre o Plano Nacional de Vacinação, não foi questionado sobre a promessa feita para o Amazonas e Região Metropolitana de Manaus.
A cada dia vai se confirmando a tese de um humorista que disse, em certa ocasião, que o ministro, apresentado ao Brasil como especialista em logística, na verdade é especialista na logística de distribuição de fardas e coturnos. Na saúde, é um desastre.