Do ATUAL
MANAUS – A vacinação contra a Covid-19 no Amazonas conteve a disseminação da variante Ômicron, que tem taxa de transmissão três vezes maior do que a Gama e a Delta. A conclusão é de um estudo da Fiocruz Amazônia coordenado pelo virologista Felipe Naveca.
Antes da circulação da Ômicron a população amazonense se encontrava muito afetada pela Covid-19, em razão de duas grandes ondas de infecções provocadas pelas linhagens iniciais e pela variante Gama. Naveca observa que mesmo sendo uma variante com muito mais poder de disseminação, a Ômicron não chegou nem perto do efeito catastrófico causado pela variante Gama.
“A Delta provocou poucos casos em comparação com a Gama e com Ômicron. O que vimos quando a Ômicron entrou em cena foi um aumento expressivo de casos, principalmente no período entre o final de 2021 e o início de 2022, mas sem elevação do número de casos graves como aconteceu com a onda da Gama”, afirma o virologista, que atribui a redução no número de casos ao início da campanha nacional de vacinação.
“Conseguimos mostrar que, apesar de ambas as variantes terem se espalhado de forma semelhante, tendo Manaus como principal ponto de distribuição para os demais municípios, a Ômicron teve uma maior capacidade de disseminação”, disse Naveca. “Felizmente não causou maiores impactos do ponto de vista de formas graves da doença ou mesmo óbito certamente por conta do avanço da vacinação da população”.
O estudo monitorou mais de 4 mil amostras de indivíduos infectados pelo novo coronavírus entre 1º de julho de 2021 e 31 de janeiro de 2022. O período compreendeu a entrada das variantes Delta e Ômicron no Amazonas.
Felipe Naveca é chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados, da Fiocruz Amazônia, e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágico do IOC/Fiocruz.
Participaram do estudo cientistas do ILMD/Fiocruz Amazônia (Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia); do Instituto Leônidas & Maria Deane; do Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular e de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais, do Instituto Oswaldo Cruz; da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas; da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas; da UEA (Universidade do Estado do Amazonas); e do Hospital Adventista de Manaus.
De outros estados brasileiros, participaram do estudo pesquisadores d0 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco; do Departamento de Biologia, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo; do Laboratório de Virologia Molecular, Instituto Carlos Chagas – Fiocruz/Paraná; e do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, do IOC/Fiocruz.
A pesquisa contou também com representantes de dois organismos internacionais: Graduate School of Infectious Diseases e International Institute for Zoonosis Control, da Hokkaido University (Japão) e Department of Arbovirology, Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine (Alemanha).