EDITORIAL
MANAUS – Há um ano o Amazonas confirmava o primeiro caso de Covid-19, em 13 de março de 2020. A primeira morte veio 11 dias depois. Chegamos no dia 13 de março de 2021 com 331.172 casos confirmados da doença e 11.516 mortos.
O que aconteceu depois daqueles primeiros dias da pandemia foi assustador. Nos primeiros dias de março de 2020, o Brasil assistia estarrecido a força novo do coronavírus na Europa, com os sistemas de saúde de países como Itália, Espanha e França em colapso e milhares de mortos todos os dias.
No Brasil, a doença chegava e ninguém sabia o que poderia acontecer. A orientação era a prevenção para evitar a contaminação. Campanhas que ensinavam a lavar as mãos, a usar álcool em gel e a ficar em casa.
O exemplo da Europa gerou medo. As instituições públicas rapidamente suspenderam as atividades presenciais: escolas, universidades, fóruns de justiça, secretarias, órgãos públicos de um modo geral fecharam as portas. As ruas ficaram quase desertas.
Manaus rapidamente se transformou em uma das principais cidades brasileiras atingidas pelo vírus mortal. Não demorou para o sistema de saúde entrar em colapso.
A violência da pandemia obrigou o governo a adotar medidas duras, como o fechamento do comércio e a suspensão de viagens intermunicipais.
Em abril de 2020, a capital amazonense passou a pautar o jornalismo nacional diariamente e chegou à mídia internacional. Foram dois meses de caos e de mortes. Manaus foi a única cidade a fazer valas coletivas no principal cemitério da cidade, tantos eram os mortos diariamente.
Em junho, no entanto, as medidas foram afrouxadas, as atividades econômicas retomadas e a pressão ao sistema de saúde reduzido. Houve meses de alívio, até dezembro.
“Teorias” como a da “imunidade de rebanho” criaram a ilusão de que estávamos livres do vírus, que não se afastara da cidade, mas infectava menos e matava menos.
Mas as aglomerações causadas pelo processo eleitoral das eleições municipais, que ocorreram em novembro, levaram as autoridades de saúde a acender o sinal amarelo, e as festas de fim de ano, trouxeram uma nova onda da doença ao Amazonas.
O ano de 2021 começa com uma segunda onda da Covid-19 em Manaus, uma onda mais violenta e mais mortal. Em dois meses, morreram mais pacientes pelo novo coronavírus do que nos dez meses de 2020.
O sistema de saúde, mesmo ampliado, colapsou pela segunda vez, com um agravante: a falta de oxigênio nas unidades de saúde. Na capital e no interior do Estado, muitos morreram por falta de oxigênio medicinal.
De novo, Manaus virou notícia mundial. Os olhos do Brasil e do mundo se voltaram para o Amazonas, tanto pela força da pandemia quanto pelo aparecimento de uma nova cepa do vírus, mais contaminante e aparentemente mais letal.
A Covid-19 mostrou que não mata só idosos e pessoas com comorbidades. Jovens, homens e mulheres de meia idade perderam a vida.
Ao completar um ano do primeiro caso, o Amazonas tem um alívio no número de casos e de mortes pela Covid-19, mas não deve fazer como em 2020, quando houve um relaxamento geral depois que a doença deu uma trégua.
A vacina, tão esperada, chegou em janeiro, mas com menos de 8% dos habitantes imunizados ainda não é prudente relaxar. Esse é o aprendizado de um ano de convivência com o vírus mortal.