Por Patrícia Campos Mello, da Folhapress
SÃO PAULO – O ano de 2020 tem registrado enorme volume de posts e links sobre supostas fraudes nas urnas e manipulação eleitoral no Brasil, e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teme que o caos do pleito nos Estados Unidos se repita na eleição brasileira de 2022.
Estudo recém-divulgado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), com cooperação do TSE, mapeou e analisou postagens que questionam a integridade do processo eleitoral desde 2014 no Facebook e no YouTube.
O recorde foi em 2018, com 32.586 posts e vídeos sobre desconfiança no sistema. Em 2020, em nove meses, foram 18.345, superando 2014, ano de eleição presidencial.
“Há uma altíssima probabilidade de que o cenário que estamos vendo na eleição americana, de tentativa generalizada de desacreditar o sistema eleitoral, se repita no Brasil em 2022 se não nos prepararmos”, diz Thiago Rondon, coordenador digital de combate à desinformação no TSE.
O presidente dos EUA, Donald Trump, passou meses antes da eleição espalhando informações incorretas sobre a probabilidade de fraudes com os votos pelo correio, e hoje vem questionando a contagem dos votos que deu vitória de Joe Biden.
Segundo Marco Ruediger, diretor da DAPP-FGV que coordena o estudo ao lado de Amaro Grassi, a disseminação desses conteúdos gera uma corrosão democrática muitas vezes imperceptível. “Isso vai plantando gradualmente um elemento de desconfiança e o resultado é o que vimos nos EUA”, diz Ruediger.
Os links com maior engajamento no período foram “PF desmantela quadrilha que cobrava até R$ 5 milhões para fraudar urnas eletrônicas”, da Folha Centro Sul, com 102.458 interações, e “TSE entregou códigos de segurança das urnas eletrônicas para a Venezuela e negou acesso para auditores brasileiros”, do Jornal da Cidade Online.
No YouTube, os mais visualizados no período analisado foram “TENSÃO NO STF: PERITOS DESMASCARAM URNAS ELETRÔNICAS”, do canal TopTube Famosos, e a entrevista com Diego Aranha sobre falhas das urnas eletrônicas, no programa The Noite, de Danilo Gentili, no SBT. A maior preocupação do TSE e de checadores é a circulação no YouTube.
O Facebook criou um centro de operações para eleições e aumentou a transparência de impulsionamentos. Tanto o Facebook quanto o Instagram exibem o aviso: “Informação falsa: checado por verificadores de fatos independentes”, com um link “entenda”, para a informação correta.
O WhatsApp, desde abril, aumentou a restrição de encaminhamentos para mensagens que estão viralizando e criou um canal de denúncias de contas que possam estar fazendo disparos em massa.
O Google, por meio do Google Notícias, reúne informações verificadas por agências de checagem e imprensa, e oferece informações oficiais em resultados da busca.
O Twitter anunciou sua política de integridade da informação e tem vetado o uso da plataforma para a manipulação de eleições, rotulando conteúdo que ameaça processo eleitoral. Segundo Rondon e checadores, o YouTube não tem usado de forma eficiente alertas sobre informações falsas.
Um dos exemplos seria um vídeo da influenciadora Paula Marisa, candidata a vereadora em Canoas (RS), de que as urnas eletrônicas do TSE seriam feitas na China. A informação já foi desmentida, mas o vídeo no YouTube não traz indicação disso.
Segundo Cristina Tardáguila, diretora-adjunta da Rede Internacional de Checadores de Fato, esse vídeo foi um dos conteúdos eleitorais mais visualizados do mês e, apesar de os checadores terem enviado a correção ao YouTube nesta terça-feira (10), o conteúdo continua sem rotulagem.
Procurado, o YouTube afirmou, em nota, que não teve “acesso prévio à íntegra do estudo em questão e, portanto, não temos como comentar a metodologia e os resultados”.
Se o que estar acontecendo nos Estados Unidos, mostrado por uma boa parte da imprensa, não configuram probabilidades de fraudes , eu não sei o que é fraude!
No Brasil, são muitas as críticas de diversos políticos que alegam não ter como auditar as urnas depois das votações! Se há essa dúvida, porque não aceitar que seja anexado impressora para ter possibilidades de imprimir as cédulas de votações, sendo que o eleitor depois de votar e conferir o seu voto, essa cédula seja depositado em uma urna para possível verificações.
Junta-se a isso, essas divulgações das pesquisas, com diferenças gritantes e que nunca batem com os resultados das urnas! Não é para ficar desconfiado?