MANAUS – Reportagem da agência de notícias Reuters, divulgada nesta semana, informa que TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estuda medidas para bloquear o uso do poder econômico e a influência das igrejas nas eleições. A informação foi dada à agência pelo próprio presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes.
“Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz ‘meu candidato é esse’. Estamos discutindo para caçar isso”, disse o ministro em entrevista à agência.
No Amazonas, os políticos têm se dobrado ao poder das igrejas e buscam alianças com pastores evangélicos a cada eleição. Nas eleições de 2016, esse ciclo foi quebrado em Manaus com a candidatura de Silas Câmara (PRB), pastor da Igreja Assembleia de Deus e filiado ao partido criado por membros da Igreja Universal do Reino de Deus.
Silas acabou em terceiro lugar na disputa, com 11,17% dos votos (115.770 votos), mas durante a campanha mandou um recado aos adversário e avisou que ninguém nos últimos 25 anos chegou ao poder sem a ajuda da igreja que a família dele dirige no Amazonas, a Assembleia de Deus. “Registre-se: nenhuma autoridade executiva no Amazonas nos últimos 25 anos chegou ao poder sem nossa ajuda. Então é justo que eu queira ter uma oportunidade, mais do que isso, é justo que todos me respeitem e ao invés de estar com provocações, até mesmo na Assembleia Legislativa. Se pudessem imaginar onde estavam há quatro anos. Se imaginarem, não falariam bobagem porque ou estavam debaixo da nossa cobertura ou estavam pedindo a nossa aliança. E quando estavam debaixo da nossa cobertura, nós éramos as pessoas mais honestas e mais competentes de Manaus e do Amazonas, e quando estavam pedindo a nossa ajuda era pelo menos motivo. Porque a boa influência que nós tínhamos diante de um segmento da sociedade daria a eles a certeza de que poderiam chegar a uma vitória”, disse em entrevista ao ATUAL, no dia
À Reuters, o ministro Gilmar Mendes afirma que há um uso da religião para influenciar as eleições, contando ainda com os recursos das igrejas, não apenas material, mas a própria estrutura física. “Outra coisa é fazer com que o próprio fiel doe. Ou pegar o dinheiro da igreja para financiar”, afirmou. “Se disser que agora o caminho para o céu passa pela doação de 100 reais, porque eu não vou para o céu?”
De acordo com Gilmar Mendes, há um potencial para abuso de poder econômico de “difícil verificação”, e existe a necessidade do TSE agir.
Leia a matéria completa da Reuters
Confira a entrevista com Silas Câmara em 2016