EDITORIAL
MANAUS – O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ainda não conseguiu se livrar das trapalhadas do ex-ministro Eduardo Pazuello na administração do Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19. E o Brasil chegou à estagnação, quando a promessa inicial para os meses de abril e maio era acelerar da vacinação no país.
Pazuello foi um desastre desde o início. Primeiro, seguindo a cartilha do presidente Jair Bolsonaro, deixou de fazer contratos no ano passado com as empresas e laboratórios que tinham condições de entregar os imunizantes.
Depois, demorou a fechar contrato com o Instituto Butantan, de São Paulo, para a compra da vacina Coronavac, porque o governo apostava todas as fichas na vacina de Oxford, a AstraZeneca.
Agora sabemos que o ex-ministro perdeu a aposta. A vacina Coronavac é o carro chefe da imunização, enquanto a AstraZeneca, além da escassez de doses, tem o problema da desconfiança devido aos efeitos colaterais registrados na Europa, que levaram diversos países a suspender a vacinação com a marca.
Com as vacinas disponíveis, o Ministério da Saúde, ainda sob o comando de Pazuello, passou a fazer planos e revisões seguidas para a entrega dos imunizantes. Revisões, no entanto, sempre feitas para baixo, ou seja, para reduzir o número de doses previstas.
Na semana de transição no comando do Ministério da Saúde (saída de Pazuello e entrada de Queiroga), o próprio ministério recomendou que as prefeituras usassem todas as vacinas estocadas para aplicação da primeira dose.
O Ministério da Saúde calculou errado e faltou vacina em diversos municípios brasileiros para a aplicação da segunda dose.
Em Manaus, um dos municípios em que a imunização está mais avançada, a aplicação da primeira dose foi suspensa para não faltar vacina a quem precisa receber a segunda dose.
Queiroga, agora, orientou a suspensão da primeira dose ao mesmo tempo em que fez uma nova revisão para baixo do quantitativo de doses que deverão ser entregues em maio.
As vacinas da Pfizer e da Janssen, que deveriam chegar a partir deste mês, também atrasaram. Nesta quinta-feira, há a promessa de chegada da primeira remessa da Pfizer, mas as da Janssen estão sem previsão.