Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Ao autorizar a transferência de “Colômbia”, homem preso em flagrante por uso de documento falso, de Tabatinga para Manaus, na sexta-feira (8), o juiz Fabiano Verli, da Justiça Federal do Amazonas, considerou “resgates possíveis”. Verli determinou que o homem fique encarcerado na sede da Superintendência da Polícia Federal na capital amazonense.
“Sempre entendo que é a PF e outros órgãos de segurança que sabem onde é melhor ficar este ou aquele detido. Realmente, em Tabatinga, temos problemas variados, não só falta de vagas. Mas também resgates possíveis. (…) Já autorizo a transferência do preso para Manaus, inclusive a Superintendência da PF naquela Cidade”, disse o juiz.
Colômbia foi preso na quinta-feira (7) na delegacia federal do município de Tabatinga, no extremo oeste do estado. Segundo a Polícia Federal, ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos a respeito de notícias que atribuíram o nome dele às mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, mas apresentou um documento falso de identificação.
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Inicialmente, o homem apresentou um documento brasileiro com o nome Rubens Villar Coelho e naturalidade de Benjamin Constant (AM). Mas, durante o depoimento, ele afirmou que tinha nascido na Colômbia e, após ser questionado sobre as informações divergentes, apresentou um novo documento, dessa vez origem colombiana, com o nome “Ruben Dario da Silva Villar”.
Colômbia passou por audiência de custódia na sexta-feira. Fabiano Verli decretou a prisão preventiva dele. O juiz afirmou que era necessário esclarecer a real identidade do homem e “o motivo de ele procurar a Polícia Federal [para falar] sobre os assassinatos de Bruno [Pereira] e Dom [Phillips]”, que ocorreram no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no início de junho.
Na última sexta-feira, em entrevista a jornalistas, o delegado Eduardo Fontes disse que a Polícia Federal investiga se Colômbia tem relação com pescadores suspeitos das mortes do indigenista e do jornalista. Com a prisão do homem, são quatros suspeitos presos de envolvimento no crime. Todos serão transferidos para Manaus.
Fontes informou que Colômbia declarou ter relação com alguns pescadores da região de Atalaia do Norte e citou o Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como ‘Pelado’, um dos presos que confessou participação nos assassinatos de Bruno e Dom. “Existe até o momento uma relação com alguns pescadores da região, uma relação comercial, segundo ele”, disse Fontes.
Os investigadores querem saber se Colômbia financia a pesca ilegal. “Estamos investigando se existe apenas uma relação comercial ou se existe uma pesca ilegal onde ele efetivamente participa. Se ele, de certa forma, financiaria essa pesca ilegal. Isso tudo é objeto de uma investigação que ainda está em andamento”, afirmou o delegado.
Ainda na audiência de custódia, Colômbia afirmou que o nome verdadeiro dele é Ruben Dario da Silva Villar e que mora em Benjamin Constant. O homem disse que trabalha com compra e venda de peixe em um flutuante no lado peruano e que a única fonte de renda dele é a comercialização de peixes, cuja renda mensal chega a R$ 3,5 mil, dependendo da temporada.
O delegado Eduardo Fontes afirmou que há indícios de que Colômbia tenha identidade em três países. “Nesse inquérito que foi instaurado em razão da utilização de documento falso, ainda há notícias de que ele tem um documento peruano. Então, ele teria um documento peruano, um colombiano e um brasileiro com dados distintos”, disse Fontes.
A Polícia Federal informou que entrará em contato com autoridades peruanas para buscar informações sobre ele e que vai verificar nos cartórios brasileiros a verdadeira origem do homem. “Vamos fazer o trabalho junto aos cartórios para descobrir onde ele nasceu efetivamente, qual o seu nome, sua filiação e sua identificação”, declarou Fontes.