Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Sem previsão de reforma da Feira Municipal do Santo Antônio, na zona oeste de Manaus, permissionários que perderam os boxes no incêndio em dezembro de 2023 reclamam do improviso e do atraso no reparo dos 19 boxes destruídos. Eles dividem espaço com colegas que não foram afetados.
“Nós que perdemos tudo e queremos a reforma da feira para melhorar nossas vendas. A feira está feia e desorganizada, mas para o pessoal que não foi afetado tanto faz”, disse um permissionário que preferiu não ter o nome divulgado.
Feirantes ouvidos pela reportagem se queixam da falta de assistência. “Um dia desses fizemos uma reunião. Disseram que a reforma vai sair e instalaram cinco casinhas para afetados, mas essas casinhas são muito pequenas e não cabe nem a metade da minha mercadoria”, disse outro permissionário.
Os cinco boxes improvisados foram instalados no estacionamento da feira, em frente de boxes de comida. Cada casinha possui seis boxes de quatro metros quadrados, construídas com madeira. “Eu não vou ocupar essas casinhas, prefiro compartilhar o espaço com o meu colega. Eu gostaria que essa reforma acontecesse o mais rápido possível”, disse o feirante.
À época, cada permissionário que teve o box destruído pelo incêndio recebeu auxílio de R$ 12 mil da Prefeitura de Manaus, pago em seis parcelas de R$ 2 mil, conforme determinou a Lei nº 3.227, de 15 de dezembro de 2015.
“O auxílio amenizou o prejuízo e as dívidas, mas já terminou. Agora nós estamos de mãos atadas porque ninguém diz o que vai acontecer. Já pegamos as seis parcelas e acabou. O que nós queremos é o nosso espaço de volta para trabalhar”, disse outro feirante.
A feira está localizada ao lado da CMM (Câmara Municipal de Manaus). A área destruída pelo fogo está fechada com tapumes. “O papel do poder público é dotar os munícipes de condições de vida e trabalho. Somente o auxílio é uma ação meramente paternalista. E nesse momento de eleição, o poder público está perdendo a oportunidade de fazer um bom marketing”, diz o antropólogo e sociólogo Lino João de Oliveira Neves.
O antropólogo diz que as feiras movimentam a economia local e prejudicar os permissionários significa prejudicar também os frequentadores da feira. “Qual é o sentido de uma feira de um bairro? As feiras costumam ser um lugar de relações próximas, de associação entre os feirantes e os frequentadores. Então uma suposta disputa entre eles não é bom e a feira perde a relação de unidade do comércio local”, afirma.
O ATUAL consultou a Semacc (Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Mercado Informal) sobre o atraso da reforma, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.
A Polícia Civil, que apura se o incêndio foi acidental ou criminoso, ainda não concluiu a investigação.