Da Redação
MANAUS – Toxinas presentes no veneno da cascavel amazônica, variedade “amarela”, são capazes de matar bactérias e linhagens de células cancerígenas de tumores de pele, mama e colorretal. É o que mostra estudo científico publicado na revista “Scientia Amazonia”. A pesquisa identifica potencial para a produção de remédios antibacterianos e anticancerígenos.
O projeto “Potencial antibacteriano e citotóxico dos venenos variedades ‘amarela’ e ‘branca’ da Serpente Amazônica Crotalus durissus ruruima” foi desenvolvido na Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e Funed (Fundação Ezequiel Dias), em Belo Horizonte (MG) com financiamento da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas).
A serpente amazônica Crotalus durissus ruruima é uma das cinco subespécies de cascavel existentes no território brasileiro, sendo encontrada no estado de Roraima, região Norte do Brasil. O veneno do animal apresentou atividade antibacteriana contra a bactéria Gram-positiva Staphylococcus aureus, e ação citotóxica contra linhagens de células tumorais.
De acordo com a pesquisadora Ilia Santos, os venenos de serpentes brasileiras têm sido alvo de uma série de estudos que resultaram, por exemplo, no desenvolvimento de medicamentos como o Captopril (anti-hipertensivo) e o Batroxobin (anti-hemorrágico), derivados de uma substância isolada do veneno de jararaca.
“O Captopril foi o primeiro fármaco proveniente de veneno de serpente a chegar ao mercado farmacêutico. Trata-se de um potente inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), utilizado para tratar hipertensão arterial”, disse Ilia Santos.
Atualmente, o uso de quimioterápicos é a opção predominante para a terapia do câncer. No entanto, um dos principais problemas é que os pacientes muitas vezes não respondem ou, eventualmente, desenvolvem resistência à medicação após o tratamento inicial.
Essa limitação levou ao aumento da busca por substâncias que auxiliem no tratamento e cura do câncer a partir de fontes naturais, como plantas e animais. A biodiversidade de venenos os torna fonte única, a partir da qual podem ser desenvolvidas novas terapias.