Por Felipe Campinas e Murilo Rodrigues, do ATUAL
MANAUS – O juiz Rosberg de Souza Crozara, da 2ª Vara de Crimes contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes, recebeu a denúncia do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) e o técnico da seleção amazonense masculina de vôlei, Walhederson Brandão Barbosa, se tornou réu pelos crimes de estupro, exploração sexual e importunação sexual. As vítimas são 11 adolescentes que jogavam na categoria sub-16.
A decisão foi tomada na última terça-feira (5). Rosberg também converteu a prisão temporária do treinador em preventiva (quando não há prazo).
Com o recebimento da denúncia, Walhederson será citado para se defender das acusações, mas permanecerá preso.
Com base em inquérito da Polícia Civil do Amazonas, o Ministério Público denunciou o técnico por exploração sexual contra nove vítimas e pela tentativa do crime contra duas.
Em relação a uma das vítimas, Walhederson também foi denunciado por crime de estupro qualificado em razão da idade do garoto. E em em relação a outro, pelo crime de importunação sexual.
O MP atribuiu, ainda, ao técnico outros crimes que agravam a pena.
Crimes
O técnico foi preso pela Polícia Civil no dia 14 de novembro de 2023, no bairro Vila da Prata, na zona oeste de Manaus, três meses após a polícia receber vídeo com cenas de sexo explícito com dois estudantes.
Os adolescentes afirmaram à polícia que eram obrigados a fazer sexo com ele em troca de vaga no time. Segundo a polícia, o treinador filmava os estupros.
Ao cumprir o mandado de prisão na casa de Walhederson, a polícia encontrou seis adolescentes morando com o técnico. Dois deles estavam na cama com o homem.
Apesar de o Ministério Público ter apontado apenas 11 vítimas, as investigações da polícia indicam que há mais vítimas.
Em novembro de 2023, a delegada Joyce Coelho, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente, afirmou que há relatos de jovens hoje na faixa de 22 e 25 anos que passaram também por abusos na adolescência. “Os crimes ainda não prescreveram”, disse a delegada.
De acordo com Joyce, Walhederson atuava como técnico de vôlei há 20 anos e muitos pais confiavam nele.
“O triste da história é que nós temos que contar a realidade para a família. Muitos pais confiavam demais no treinador, até de forma negligente. Em alguns colégios, ele era o responsável pelos adolescentes, alguns vindo do interior”, disse Joyce Coelho.
Os crimes imputados a Walhederson, segundo o MP:
O acusado praticou em continuidade delitiva imprópria (art. 71, parágrafo único, CP), em sua gradação máxima, o crime previsto no art. 218-B, caput, e parágrafo 2.º, inciso I, em sua forma tentada quanto às vítimas 8 e 2, e, em sua forma consumada, quanto às demais vítimas, cumulado com os arts. 61, II, “f”, e 226, II, todos do Código Penal, em concurso material (art. 69, CP); quanto à vítima 9, com o crime de estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, § 1.º, CP), c/c os artigos 61, II, “f”, e 226, II, todos do CP; quanto à vítima 8, com o crime de importunação sexual previsto no art. 215-A, c/c os artigos 61, II, “f”, e 226, II, todos do CP.