Por Guilherme Nery, do ATUAL
MANAUS- Afetada pela seca dos rios no Amazonas, a navegação começa a voltar à normalidade. Quase dois meses depois de suspensa, em outubro, a cabotagem retoma o ritmo e os navios voltam a atracar em Manaus com a subida do nível dos rios Negro e Solimões. A cheia, ainda lenta, permite às balsas alcançarem o nível das rampas de embarque e desembarque e gera uma corrida de caminhoneiros ao Porto da Ceasa, na zona sul da capital. A espera para embarcar chega a 24 horas. Em outro local de embarque, rampas móveis facilitam o acesso às embarcações.
O porto dá acesso à BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO). Sem chuvas intensas no Amazonas, a rodovia, mesmo com trechos sem asfalto, é a opção para escoar produção do Polo Industrial de Manaus no sistema rodofluvial.
O ATUAL registrou uma fila de aproximadamente dois quilômetros que começa no início da Avenida Mário Andreazza e se estende até a entrada do Porto do “Passarão”, ao lado da Ceasa. No Passarão, a entrada é exclusiva para caminhões de carga e carretas. O destino da maioria dos caminhoneiros é o Pará. Outros vão para Mato Grosso e Goiás.
Na Ceasa, carros de passeio, caminhões e passageiros esperam pelas balsas que ligam Manaus ao município do Careiro da Várzea (a 124 quilômetros da capital) e de lá para Rondônia.
O ATUAL conversou com César Augusto, 58 anos, caminhoneiro que aguardava a vez para atravessar no Porto do Passarão. César informou que teve amigos que esperou mais de um dia para entrar na balsa. “Tem amigos meus que saiu do pátio da empresa anteontem (no dia 20 de novembro) por volta das 12h e embarcou ontem (dia 21) por volta das 15h30. Mais de 24 horas”.
Sobre o congestionamento, o caminhoneiro informou que há dois fatores para a situação: a falta de vaga no pátio e a seca do rio. “A seca realmente afetou, porque nós puxamos [carretas] aqui para Manaus faz anos e é a primeira vez que acontece isso, antes não tive esse problema”.
“Nós estamos aqui desde hoje [quarta-feira] de manhã. Eu saí do pátio da empresa cedo, e o congestionamento está acontecendo devido à falta de balsa e de estacionamento no pátio da empresa”, completou César Augusto.
Um trabalhador que atua na organização da entrada dos caminhões no Passarão confirmou que a grande fila é devido a demanda de carretas para atravessar o rio. Por conta da seca, a operação é mais lenta.
“Essa fileira de caminhões fica assim normalmente para entrar no pátio que dá acesso a balsa, mas está mais demorado porque a balsa em si tem demorado por conta da seca, né. Antes era uma viagem mais rápida, agora está mais demorada”, informou o trabalhador.
Emergência devido à seca
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) decretou situação de emergência no canal da travessia no Rio Tapajós, em Itaituba, no Pará, e no o canal de navegação do Rio Solimões (HN-132).
Todos os 62 municípios do Amazonas ainda estão em situação de emergência. O nível do Rio Negro atingiu 12,70 m no dia 26 de outubro. Entre os dias 28 de outubro e 7 de novembro, houve um aumento de 52cm e a profundidade alcançou 13,22 m. Mas houve nova vazante no dia 8 de novembro.
No dia 16 de novembro, a marca chegou a 12,96 m. O rio voltou a encher no dia 18 de novembro e, atualmente, está em 13,47 m – o maior nível desde que começou a encher.
Confira a situação do congestionamento em vídeo.
Nossa o clima esta doido no mundo todo!