
Da Agência STF
BRASÍLIA – Por unanimidade, a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) reverteu decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) que determinou à ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) a substituição de trabalhadores temporários com a convocação de todos os candidatos aprovados em um concurso público realizado em 2011.
A decisão do TST, em ação apresentada pelo Ministério Público do Trabalho, reconhecia que a ECT teria contratado mão de obra temporária para a carga de agente de correios, preterindo os candidatos aprovados no concurso público anterior.
Para o corte trabalhista, deveria ser aplicado o Tema 784 da repercussão geral, segundo o qual, quando surgirem novas vagas ou para concurso realizado durante a validade do anterior, o candidato aprovado dentro das vagas, mas que não tenha visualizado sua ordem de classificação, tem direito à nomeação.
Na Reclamação (RCL) 57848 , a ECT argumentou que não foi realizado novo concurso durante a validade do anterior e que os trabalhadores temporários foram contratados em vagas diversas das previsões no Edital 11/2011. Alegou também que a decisão determinou a contratação contínua de candidatos aprovados fora do número de vagas, mesmo após o fim da vigência do concurso público.
No julgamento realizado na sessão desta terça-feira (23), o entendimento da Turma foi de que as contratações temporárias não configuram, por si só, a preterição dos candidatos. Segundo o colegiado, não ficou comprovado que as contratações se deram nas mesmas vagas previstas no concurso.
O ministro Flávio Dino destacou que, se fosse mantida a decisão do TST, a ECT teria de contratar 20 mil novos empregados, porque esse foi o volume de contratações temporárias ocorridas após 2011. O ministro Cristiano Zanin destacou que, de acordo com a ECT, foram contratados cerca de 2.213 candidatos do cadastro de reserva do concurso de 2011. Também se manifestaram no mesmo sentido o ministro Alexandre de Moraes e a ministra Cármen Lúcia.
O ministro Luiz Fux, relator da ação, inicialmente mantinha a decisão do TST, mas reajustou seu voto. Ele levou em conta as consequências para a empresa, que seria obrigada a demitir 20 mil pessoas e contratar outras tantas, o que, a seu ver, geraria insegurança jurídica.