Da Redação
MANAUS – O Governo do Amazonas afirma que estão suspensas a realização de eventos religiosos que gerem aglomeração. Foi uma resposta a aprovação pelos deputados estaduais de projeto de lei que permite a reabertura das igrejas e templos na pandemia. O governo considera a capacidade do sistema de saúde para lidar com possíveis novas contaminações. Em nota, o governo informa que todas as medidas de restrição adotadas são feitas de forma responsável, observando a curva de casos da Covid-19 e a análise da capacidade de atendimento da rede estadual.
“O Governo esclarece ainda que o Estado é laico e o que está suspensa é a realização de eventos que gerem a aglomeração de pessoas, o que inclui cultos religiosos. O atendimento e suporte religioso nas igrejas continuam permitidos”, diz, na nota. Não esclrece, porém, se o projeto aprovado será vetado ou sancionado.
Nesta quarta-feira, 6, foi aprovado pela ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) o projeto de lei nº 136/2020 que torna essenciais as atividades nos templos e igrejas do estado, e deve seguir para sanção do governador Wilson Lima. Os locais estão fechados por decreto estadual que não os considera como estabelecimentos de primeira necessidade.
O decreto atual mantém a restrição até o dia 13 de maio, quando haverá decisão sobre flexibilização ou não das medidas de restrição. A principal justificativa dos deputados é de que as pessoas que estão confinadas com o isolamento social precisam de “alimento espiritual” e alegam não haver oferta de atendimento psicológico pelo Estado.
O governo afirma que presta acolhimento psicológico via aplicativo Sasi. O serviço conta com psicólogos da Susam e psicólogos voluntários convocados pelo Conselho Regional de Psicologia e é oferecido em regime de plantão no período de 7h as 19h, todos os dias da semana. No app, basta acessar a opção “quero falar sobre minhas emoções”.
Dos 24 deputados, apenas Dermilson Chagas (sem partido) e Serafim Corrêa (PSB) votaram contra a proposta.
Serafim Corrêa considerou a medida um “equívoco”. “Estamos numa fase crucial, inclusive com ameaça de lockdown, que é o confinamento e fechamento de tudo. Numa hora dessas, que já submetida ao Poder Judiciário essa medida, autorizarmos a reabertura das igrejas e templos estamos indo na contramão da humanidade, da ciência e dos pesquisadores. Quero manifestar o meu respeito a todas as religiões, mas dizer que meu voto à medida é contrário”, disse.
O líder do PSB na Casa Legislativa expôs dados do Portal da Transparência que indicam o crescimento de 1.579 mortes, em 2020, em comparação ao mesmo período de 2019.
“Em 2019, em Manaus, morreram 1.025 pessoas, de todas as doenças. E em 2020, morreram 2.604, esse número. Portanto, significa que morreram a mais, de um ano para o outro, 1.579 pessoas. Esse número indica que, por dia, morreram 52 pessoas. Esse número é assustador. Então, relato esses números para dizer que estamos no pico de uma pandemia. É preciso que todos nós tenhamos consciência disso, e que as medidas sejam tomadas no rumo do confinamento isolamento. Fora disso, teremos o mês de maio muito pior do que já foi o mês de abril, que foi muito ruim”, concluiu.