
Da Redação
MANAUS – A Assembleia Legislativa do Amazonas aprovou, nesta quarta-feira, 6, por um projeto de lei do deputado João Luiz (PRB) que autoriza a reabertura de igrejas e tempos no Amazonas nesse período de pandemia de coronavírus, no momento em que o Estado passa por um momento crítico de casos novos e mortes por Covid-19.
As igrejas estão fechadas por decreto do governador Wilson Lima, que considera os cultos religiosos e missas como atividade não essencial. O projeto aprovado faz exatamente o contrário: torna essenciais as atividades nos templos e igrejas do Amazonas.
A principal justificativa dos deputados é de que as pessoas que estão confinadas com o isolamento social precisam de “alimento espiritual”. O projeto de lei precisa da sansão do governador para ter validade.
Apenas dois deputados votaram contra: Serafim Corrêa (PSB) e Dermilson Chagas (sem partido).
O deputado Serafim Correa foi o primeiro propor que o projeto fosse rejeitado. “Eu respeito todas as religiões, mas nesse momento não podemos concordar com isso”.
Para o deputado Dermilson Chagas, é uma grande contradição desta casa aprovar uma matéria dessas no momento em que o Ministério Público ingressou na Justiça pedindo lockdown.
Wilker Barreto (Podemos) pediu que fosse considerada essencial, mas para questões humanitárias e não para cultos e missas.
“Queria consultar os autores se a gente pode salvar o projeto, vetando as reuniões, missas e cultos”, disse Wilker.
Depois de ouvir deputados favoráveis à matéria, Wilker Barreto mudou de opinião e disse que votaria a favor do projeto.
Sinésio Campos (PT) considerou que as atividades religiosas são essenciais, mas os números do coronavírus não são favoráveis. “Esse lockdown, uma palavra que inventaram, significa ‘te aquieta em casa’”. “Vejo que não é oportuna a reabertura dos templos”.
Sinésio Campos também mudou o voto depois de ouvir os deputados favoráveis e votou a favor.
O deputado Belarmino Lins (PP) pediu aos autores retirada de pauta da matéria e que volte após os dez dias de lockdown pedido na Justiça pelo Ministério Público. “Parece quase consensual que a matéria é inoportuna”. No entanto, votou a favor do projeto.
Deputado Francisco Gomes (PSC) ponderou que apesar de medidas como lockdown, disse acreditar que não haverá prejuízo nenhum para a Assembleia Legislativa. E ponderou que o deputado João Luiz estabeleceu regras no projeto.
“Eu sou médico e posso dizer que passada a pandemia, nos teremos pelo menos 20% da população com problema de saúde pública. E as igrejas estão anuladas, e têm uma ferramenta de importância social imensurável”, disse o deputado médico.
Gomes disse que o Estado pode cuidar apenas do corpo físico, mas o lado psicológico e emocional só a religião pode cuidar.
“Falo aqui em nome do deputado João Luiz e peço que aprovem esse projeto. Se for aprovado o lockdown, as igrejas cumpram, mas defendo que a matéria seja aprovada”, disse.
Felipe Souza disse que as igrejas são alimento da alma. Citou o “drive thru de oração” de uma igreja evangélica em Manaus que “tem recebido muita gente”. Também lembrou que os supermercados estão lotados e poderiam ser foco de transmissão da doença.
Gomes disse que o projeto está muito bem fundamentado, e só permite a capacidade de 30% dos templos, não pode participar pessoas maiores de 60 anos entre outros pontos. “Vamos cuidar da saúde mental das pessoas”, disse Felipe Souza.
O deputado Fausto Jr. (PV) também defendeu o projeto e disse que ele está muito bem fundamentado. Para o parlamentar, o problema não tem que ser visto apenas do ponto de vista do vírus, mas da vida das pessoas. Disse que tem aumento do número de suicídios e defendeu o acompanhamento psicológico da população, o que poderia ser feito pelas igrejas.
“Imaginem pais de famílias desempregados que não sabem o que fazer, que vão todos os dias enfrentar a fila da morte na caixa, e essas pessoas, quando voltam para casa, não pensam em coisas boas”, disse Fausto Jr.
Josué Neto (PRTB) disse que fazia das palavras do deputado Felipe Souza as palavras dele e declarou voto favorável à matéria.
A líder do governo, deputada Joana Darc (PL), também considerou que “existe a doença espiritual”, e citou o caso do pai dela, que “está tendo muita dificuldade de ficar em casa, vendo notícias ruins”. “Como ele, tem muitas pessoas que se sentem bem em ir à igreja”
“Com essa medida estamos evitando também problemas no futuro. Tem jovens que estão cometendo suicídio. É possível conciliar a abertura das igrejas com medidas de segurança”, afirmou.
“Votarei no projeto porque tem essas medidas de segurança. Se não cumprirem essas medidas, lá na frente a gente pode rever”, disse Joana Darc.
Veja o que diz o projeto aprovado:

Disponibiliza o projeto de Lei na íntegra, isso é fundamental para a transparecia das ações do poder Legislativo pela população amazonense.