Por Alessandra Taveira, da Redação
MANAUS – Investir na instalação de sistema fotovoltaico é compensatório, segundo consumidores ouvidos pelo ATUAL. A cobrança de tarifa sobre geração de energia solar ainda não entrou em vigor. Em média, o valor da conta fica 84,26% mais barata após a instalação das placas solares e do “relógio de luz”.
Há três anos o engenheiro Danilo Chui, 41 anos, deixou de pagar R$ 800 mensais à Amazonas Energia relativos ao consumo, e passou a pagar R$ 150, em média. Uma redução de 81,25% nos gastos com energia.
Danilo Chui disse que o valor da conta de luz subiu meses antes de instalar as placas. “Eu pagava entre R$ 400 e R$ 600, até que “houve um aumento forte de tarifa e minha conta de novembro (de 2018) passou de R$ 800”, lembra. Em dezembro, ele instalou o sistema.
O aumento brusco na conta aliado à satisfação por gerar energia renovável em casa o fez investir nos 20 painéis. “Gastei em torno de R$ 20 mil (para instalar o sistema), mas acho que a questão não é só financeira em termos de retorno de investimento, tem a parte da satisfação de estar contribuindo com o planeta”, disse.
Os ganhos foram percebidos logo no primeiro ano de pandemia, quando o trabalho passou a ser remoto. O uso de eletrodomésticos e eletrônicos aumentou. Ainda assim, o valor pago à distribuidora de energia chegou aos R$ 300.
No gráfico abaixo é possível notar o aumento do consumo na casa de Danilo no ano de 2020, que chegou a 800 quilowatts por hora. Comparado a 2019, houve um aumento de 300 kWh. As barras azuis representam o consumo e a linha vermelha, a conta – que caiu drasticamente em 2019 e subiu levemente em 2020.
“Se eu tivesse que pagar a conta cheia em 2020 estaria falido”, brincou. Segundo ele, inicialmente a economia com a conta de energia chegou a 70%, mas hoje está em torno de 50%, “devido ao aumento do valor por kWh”.
Planejamento
Migrar para o modelo sustentável de geração de energia requer organização financeira. O advogado Edval Machado, de 39 anos, financiou R$ 43 mil na instalação das 35 placas e do sistema. Sua casa, em um condomínio na Avenida do Turismo, no Tarumã, zona oeste, tem três quartos, sala, cozinha e banheiro social.
Antes de aderir ao painel fotovoltaico, em 2019, ele pagava em torno de R$ 1,1 mil. Hoje, o custo com energia é de R$ 140, valor decorrente das bandeiras tarifárias. “Quando não tem bandeira, a minha conta é de R$ 130”. Ele economiza 87,27%.
Por um tempo, as parcelas do financiamento se assemelharam ao que era pago na conta de luz e, por isso, ele não sentiu “diferença” no orçamento mensal. “Depois que acaba, você fica sem a prestação e paga somente os R$ 130”.
De acordo com Edval, embora os custos com a instalação, hoje, estejam mais altos, “vale a pena” porque “as linhas de financiamento tem juros atrativos e a prestação fica no valor da conta (passada)”. O sistema pode ser monitorado por um aplicativo instalado no celular, que mostra quanto de energia está sendo gerada e o quanto está sendo economizado.
Há a possibilidade de instalar placas a mais para garantir comodidade no uso. “Eu coloquei 30% a mais do que eu necessitaria de placas, justamente para ter conforto e não ficar me policiando com ar-condicionado ligado, lâmpada e outros equipamentos. Eu uso bem à vontade, gero muito mais do que eu consigo consumir e fico com créditos para usar em outra oportunidade”.
Apagão
Ter placas solares no teto de casa e um sistema de monitoramento do consumo não exime o usuário de sofrer com apagões e falta de energia. Isso porque a geração de energia solar funciona como uma “permuta” com a distribuidora de energia.
No Amazonas, as placas instaladas em residências geram e distribuem energia para a rede da Amazonas Energia – o excedente, isto é, a quantidade que não é consumida. “É como se eu estivesse vendendo a geração de energia (para a distribuidora)”, disse Edval. A energia fornecida é recompensada com o valor correspondente abatido na fatura do mês seguinte.
“Se a minha conta der R$ 1 mil e eu gerar R$ 1 mil, fica elas por elas, eu só pago o imposto e a iluminação pública, que é justamente aqueles R$ 130”, explica Edval.
A geração de energia 100% própria, sem interrupção, só seria possível com uma ligação externa da Amazonas Energia, segundo o consumidor. Para isso, ele teria que comprar baterias, “mas o investimento seria muito alto e a manutenção também é cara”. “O que vale a pena é montar a energia solar e fazer a permuta. Você vende a eles uma energia limpa e eles te pagam isso com créditos que abate na conta”.