Por Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) lançou, nesta quarta-feira, campanha de arrecadação de cestas básicas para os trabalhadores da educação que aderiram à greve e tiveram descontos de faltas no salário de maio. O local para entrega dos donativos é a sede do sindicato, na Rua Major Gabriel, 735a, no Centro de Manaus, das 9h às 18h.
“Nós estamos mandando ofícios para sindicatos, para lojas. Alguns trabalhadores já nos procuraram. Alguns estão zerados. A média é de R$ 1 mil de descontos para cima. De uma forma covarde, mexeram no bolso dos trabalhadores”, disse Vanessa Antunes, diretora do Sinteam.
O sindicato esclarece que não abriu “vaquinha virtual”.
Os servidores relatam dificuldades financeiras após o governo abater os dias sem comparecimento ao trabalho. A categoria alega que os descontos não poderiam ser feitos porque a folha de pagamento foi fechada no dia 10 de maio e seria referente ao mês de abril, quando a greve ainda não tinha sido deflagrada. O movimento começou no dia 17 de deste mês.
O governo informou que os salários dos servidores foram descontados considerando a decisão da Justiça que considerou o movimento é ilegal, com pena de multa diária de R$ 30 mil. Nesta terça-feira (30), a desembargadora Joana dos Santos Meirelles rejeitou o pedido de suspensão da possibilidade de descontos salariais pelos dias não trabalhados e reforçou a ilegalidade do movimento. Apesar da determinação, os servidores mantêm a greve.
“Infelizmente, na primeira instância, nós perdemos. Já recorremos à segunda. Tem a previsão de uma audiência no dia 5 de junho. O problema é que a gente precisa correr. Quanto mais tempo demora, mais descontos, mais prejudicados nós temos” disse a Vanessa Antunes.
O professor Nilo Praxets, da Escola Estadual Roderik Castelo Branco, conta que o desconto no salário impacta no pagamento de contas essenciais, como água, luz e internet. “Eu tive um desconto de R$ 1.216 no meu contracheque e eu tive colegas com contracheque zerado mesmo, sem nenhum real, por conta que já tinham empréstimos, e, com o desconto, zerou. Infelizmente, como é que fica a nossa situação? Como é que vamos colocar comida na mesa?”, questionou.
“Impacta diretamente dentro de casa. Pra mim, esse mês vai ficar muito apertado, mas eu vou conseguir segurar as contas, mas eu tenho colegas que não conseguiram fazer o mesmo. A bolsa do mestrado vai ser super eficaz neste momento. Não vou mem investir em livros. Vou ter que investir no meu sustento este mês”, completou.
A greve da educação entrou para o 15⁰ dia nesta quarta. A mesa de negociação com o governo foi retomada nesta manhã. Os trabalhadores devem apresentar a contraproposta de 25% de reajuste salarial escalonado até dezembro deste ano.