Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Os sindicatos de professores do Amazonas consideram ‘tendenciosa’ a pesquisa da Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) que mostra que 97,14% dos docentes da rede pública de Manaus aprovam a volta às aulas no regime híbrido – que inclui aulas presenciais e remotas.
Veja: Aulas presenciais na rede pública no AM recomeçam dia 10 de agosto de forma gradativa e híbrida
A Asprom (Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus) e o Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas) afirmam que a consulta não perguntava aos participantes se eram contra ou a favor do retorno presencial.
Em carreata na manhã desta segunda-feira, 3, em frente à ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), Helma Sampaio, presidente da Asprom, afirmou que pessoas contrárias ao retorno não eram contempladas na pesquisa.
“É uma pesquisa que ao nosso ver é tendenciosa e chega até a ser fraudulenta porque na pesquisa não havia a opção para as pessoas que são contrárias ao retorno das aulas presenciais. Então, se não tem isso, evidentemente que é uma pesquisa tendenciosa”, disse.
Sampaio alega que a única referência ao retorno presencial era a pergunta sobre a volta na modalidade híbrida. “O único item que tinha sobre o retorno das aulas presenciais era a pergunta ‘Você é a favor do retorno das aulas em modalidade híbrida?’. E aí a pessoa precisava responder esse quesito para poder continuar na pesquisa. Então era um item obrigatório”, afirmou.
Veja: Contra retorno de aulas presenciais no Amazonas, professores aprovam greve
Sampaio afirma que pesquisas do sindicato mostram resultado contrário ao da Seduc. “Essa pesquisa não corresponde à realidade. A grande maioria dos professores não aceita o retorno. Nós também realizamos pesquisas. Temos pesquisas onde mais de 90% dos professores são contrários ao retorno das aulas presenciais”, disse.
Gráfico disponibilizado pela presidente da Asprom mostra resultado da pesquisa sobre onde os docentes preferem estar na pandemia, com a participação de 1.052 pessoas.
De acordo com a pesquisa da Seduc, 7.432 professores responderam às perguntas, correspondente a 44,84% dos docentes do estado. Destes, 59,63% foram de Manaus e 32,86% do interior.
Ana Cristina Rodrigues, presidente do Sinteam, afirma que de acordo com os trabalhadores consultados pelo sindicato, as perguntas levavam ao resultado desejado pela secretaria. “Segundo os trabalhadores, as perguntas levavam ao resultado desejado pela secretaria”, disse. “E segundo os próprios trabalhadores em educação, embora a secretaria apresente estes números expressivos a grande maioria de sala de aula não participou do mesmo (levantamento)”, afirmou.
Rodrigues afirma que na assembleia geral on-line do Sinteam que será realizada nesta segunda-feira, 3, a greve não está descartada. “Não descartamos a greve, quem decidirá é a categoria. Nas assembleias zonais surgiram sugestões de continuarmos as aulas remotas; aprovação automática para todos e possível greve. Hoje a categoria decidirá os rumos que deveremos tomar”, declarou.
Consultada, a Seduc não respondeu até a publicação desta matéria.
Veja a cobertura da carreata dos professores nesta segunda-feira:
(Colaboraram Jullie Pereira e Murilo Rodrigues)