BRASÍLIA – Ao comentar a reprovação recorde da presidente Dilma Rousseff apontada pelo Datafolha, o senador José Serra (PSDB-SP) afirmou nesta quinta-feira, 6, que a aprovação popular da petista é pior João Goulart e Salvador Allende às vésperas, respectivamente, dos golpes que os retiraram da Presidência no Brasil em 1964 e no Chile em 1973. Para o tucano, que foi derrotado em 2010 na corrida ao Palácio do Planalto por Dilma, a situação da presidente é “singular”.
“Pode-se dizer que o Brasil do Jango e o Chile do Allende estavam divididos, mais ou menos meio a meio. Hoje, não há divisão, porque é todo mundo contra. Pega a pesquisa e vê que é sete a um entre quem rejeita e quem apoia. É uma desproporção grande e configura uma crise. Não estou querendo ser alarmista”, afirmou.
Para o tucano, a crise é “profunda” e se traduz num total descontrole da aprovação de matérias no Congresso que produzam custos fiscais elevadíssimos. “Não é a base só do governo, é o líder do PT (na Câmara, Sibá Machado) declarando que vota contra a orientação do governo. Ou seja, não é uma crise do governo, da sua base aliada. É uma crise do governo e do seu próprio partido de sustentação”, disse.
Serra disse que o governo está tão frágil que desperta um movimento contrário, de desestabilização. O tucano citou o fato de que o então presidente Fernando Henrique Cardoso tinha alta popularidade em 1999, mas perdeu boa parte dela por conta da desvalorização do real frente ao dólar. Contudo, ele disse que FHC não perdeu a capacidade de governar. O tucano criticou a aprovação de propostas com impactos fiscais. “Agora, dinheiro não é clara de ovo, que você pega a clara de ovo e vai batendo e vai crescendo. Expectativa ruim é autoprofecia que se realiza”, disse.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)