Por Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – A seca dos rios no Amazonas atinge 32 cidades, segundo a Defesa Civil do Estado. São quatro municípios em situação de emergência, 15 em estado de alerta e 13 em atenção. A estiagem afeta o trabalho de agricultores, o transporte de mercadorias e alimentos para as cidades e, principalmente, às comunidades isoladas.
Em Envira (a 1.206 quilômetros de Manaus), um dos municípios que decretaram situação de emergência, a seca do Rio Tarauacá, afluente do Rio Juruá, atrasa a chegada de mercadorias que são levadas do município de Feijó (AC), principal fornecedor de alimentos para a cidade do Amazonas.
“Os barcos estão gastando de oito a nove dias para chegar ao município. Com isso, já tem escassez de alimentos. O frango, por exemplo, não chega de boa qualidade. O tomate, as verduras que vem de fora, a gente já tem esse prejuízo direto aqui”, disse o secretário Defesa Civil de Envira, Ismael Dutra.
O nível do rio no município está em 1,50 metro. O secretário informou que a seca também causou aumento no preço dos produtos, e que as comunidades distantes na zona rural são as mais afetadas. “A prefeitura já fez algumas ações na zona rural, levou alimentação, cesta básica, colchão, rede e materiais de limpeza”, disse Ismael.
Também há encarecimento de alimentos em Uarini (a 564 quilômetros de Manaus), que está em estágio de atenção. Com a seca, o barco para a 2 quilômetros da cidade, e o preço dos produtos sofre aumento devido o custo total do transporte.
“O pessoal paga o transporte de Manaus para cá, depois paga da beira [do rio] até a cidade, e ainda paga o transporte do caminhão até os supermercados. Então, esses são os grandes impactos que estamos tendo no nosso município”, disse Francenildo dos Santos Lopes, morador de Uarini.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, em Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus) e São Gabriel da Cachoeira (a 862 quilômetros da capital), a descida ocorre abaixo da faixa da normalidade.
Em Fonte Boa (a 678 quilômetros de Manaus) e Manacapuru (a 70 quilômetros da capital), a descida do Rio Solimões ocorre de forma acelerada, mas dentro da normalidade.
“Na região do Porto de Manaus, as descidas são consideradas normais para o período. Em torno de 20 centímetros diários. Contudo, há uma tendência de se intensificar nesse mês agora de setembro”, afirma Jussara Cury, pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil.