A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas) descobriu o óbvio, neste sábado, ao prender um agente de socialização (o nome é um eufemismo de carcereiro) tentando entrar com 11 aparelhos de telefone celular para presos nas celas. O mais surpreendente, para quem assiste e lê o depoimento do secretário, coronel Cleitman Coelho, é o tom de surpresa na ação.
Ora, ora. O agente só foi preso porque um colega decidiu denunciá-lo. Outros já estavam irmanados com o delinquente que abastecia os presos com equipamentos de comunicação, drogas e armas. Na ação policial não foi encontrada arma, porque desta vez a encomenda era de aparelhos de telefonia. Mas quem duvida que os agentes não vendiam armas aos presos.
Certa vez trabalhei com um motorista que estava em treinamento para trabalhar em uma penitenciária de Manaus. A animação dele era por conta do valor que os presos estavam dispostos a pagar por um objeto proibido na cadeia. Segundo ele, à época, uns seis anos atrás, os preços pagavam R$ 100 por uma serra de serrar ferro, que no mercado local não custa R$ 10.
O problema brasileiro é a corrupção e contra ela não há instituição boa. Não era diferente quando as cadeias eram administradas pelo Estado, com seus agentes penitenciários e colaboração da Polícia Militar. Os produtos proibidos chegavam nas cadeias da mesma forma que chegam atualmente.
Com empresa ou sem empresa, os presos compram quem o Estado paga para vigiá-los. É uma aberração. O Estado contrata uma empresa para cuidar das cadeias, mas precisa contratar outra para cuidar da empresa. E se duvidar, precisará de uma terceira para vigiar as duas.
Não há como mudar essa realidade sem uma mudança de postura da sociedade. É necessário dar um basta na corrupção. A solução é simples e conhecida. O problema é que mudança de postura leva tempo, talvez um século não seja suficiente, mas o Brasil precisa iniciar o processo de transformação.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.