Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus ameaça paralisar 70% da frota de ônibus do transporte coletivo convencional na quarta-feira, 23. A categoria reivindica reajuste de 3,5% e mais o retroativo referente a 2017. Na tarde desta segunda-feira, 21, o TRT-11 (Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região) acatou pedido do Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) e determinou que o Sindicato dos Rodoviários não faça greve.
Na decisão, a presidente do TRT-11, Eleonora de Souza Saunier, determina que em caso de descumprimento da ordem judicial, o Sindicato dos Rodoviários poderá ser multado em até R$ 50 mil por hora de paralisação, além incorrer em crime de desobediência.
Além disso, a desembargadora determinou que os sindicalistas devem manter distância de no mínimo 50 metros da entrada das garagens, sob pena de multa no valor de R$ 50 mil por dia. Por fim, a magistrada determinou o uso de força policial para cumprir a liminar, caso haja necessidade.
Eleonora de Souza Saunier levou em consideração a justificativa da PGM (Procuradoria Geral do Município) de que não houve divulgação da Assembleia Geral da categoria, que definiu o movimento grevista, bem como não houve comunicação formal ao Município de Manaus, na qualidade de poder concedente. A PGM também alegou não ter sido apresentado qualquer plano de atendimento dos percentuais mínimos, estabelecidos aos serviços essenciais em lei federal.
“Descaso”
Em entrevista ao ATUAL na tarde desta segunda-feira, 21, o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Josenildo Silva, disse que a categoria vai parar 70% da frota a partir das 4h da madrugada desta quarta-feira, 23. A paralisação, segundo ele, é o último recurso da categoria, que reivindica reajuste imediato de 3,5% e retroativo referente a 2017, além do reajuste salarial de 2018 e 2019.
De acordo com o sindicato, cerca de 9 mil trabalhadores rodoviários precisam do reajuste. “Tem uma convenção vencida já ganha pelo tribunal em 2017 de 3,5% mais o retroativo que o Sinetram se nega a pagar para a categoria. E tem os reajustes salariais de 2018 e 2019 que já estão vencendo os prazos e o Sinetram até agora não tem resposta para a categoria”, disse Josenildo Silva.
Josenildo Silva também disse que o sindicato tentou negociar diversas vezes com o Sinetram, mas as tentativas foram frustadas. “Varias reuniões, mas eles fecham as portas, não aparecem nas reuniões. Não têm resposta para a categoria. O Sinetram está até agora brincando com a categoria e a categoria chegou ao limite”, afirmou o vice-presidente.
De acordo com o Sinetram, o transporte coletivo de Manaus opera com nove empresas, em 227 linhas, e transporta em média 700 mil pessoas por dia. Ainda segundo o sindicato patronal, apenas em 2018, os sindicalistas já realizaram nove paralisações irregulares. No ano passado foram registradas 66 paralisações no sistema.
Transporte Especial
O SindEspecial (Sindicato do Transporte Especial) também anunciou greve para quarta-feira, 23. Os motoristas prometem paralisar junto com os rodoviários em protesto contra o reajuste de 1% anunciado pelos empresários. A frota é responsável por levar trabalhadores ao Distrito Industrial.
De acordo com o presidente do SindEspecial, William Enock, há um mês os motoristas aprovaram proposta de reajuste de 10%, cesta básica de R$ 350 e uma cesta natalina de R$ 120. “O patronal mandou ofício para o sindicato laboral, dizendo que só podia dar 1% de reajuste. A categoria já rejeitou a proposta e vai paralisar quarta-feira, junto com o sindicato dos rodoviários”, disse Enock.
Para os motoristas do transporte especial, o aumento salarial justo seria de, no mínimo, 5%, levando em consideração a inflação. “Devido a essa maquiagem que está na própria inflação, a gente vê tudo reajustando, combustível, alimentação, tudo o que você vai comprar aumenta, então não é a justo a gente ter reajuste de 1%. A gente acredita que até 5%, melhorando a cesta básica, a cesta natalina, a gente já senta para negociar e dá pra se discutir e levar para uma assembleia para uma aprovação”, disse William.
Assista a entrevista: