MANAUS – A população de Manaus nunca seguiu 100% as normas de segurança para prevenção da Covid-19, mas no período mais crítico da doença, quando morriam centenas de pessoas por dia e faltava leitos nos hospitais, houve um certe receio.
Naqueles dias de abril e maio, as ruas da cidade demostravam que boa parte da população estava em casa; o uso de máscaras era mais frequente e as aglomerações quase incomuns. Os casos mais frequentes de aglomeração se davam nas portas das agências bancárias de pessoas em busca do auxílio emergencial.
Passada a fase mais crítica, e com a abertura gradual das atividades econômicas, os cuidados foram sendo relaxados e as aglomerações tornaram-se comuns. Os shoppings, que estavam obrigados a controlar o número de frequentadores, liberaram as portas.
Os bares, com em alta demanda, passaram a desobedecer a orientação sobre o número reduzido de mesas, com o afastamento necessário. E tornaram-se os principais focos de aglomerações na cidade.
Mais grave ainda são as festas clandestinas em que os frequentadores, a maioria jovens, se aglomeram, bebem, danças, se esbarram, tudo sem qualquer proteção, sem máscaras e sem os cuidados de higiene recomendado pelas autoridades de saúde.
Na mesma esteira, o transporte coletivo urbano voltou à normalidade, com ônibus lotados em horários de pico, e muita gente sem usar a máscara, que é obrigatória, mas não tem quem fiscalize.
Além dos ambientes públicos, boa parte da população age como se o vírus da Covid-19 já estivesse erradicado da capital amazonense. Famílias passaram a realizar festas em casa como se fazia antes da pandemia. Aglomeração e nada de máscara.
Nesse ritmo, o vírus começou a fazer medo novamente a quem ainda tem consciência da letalidade da doença.
A FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) identificou um ligeiro aumento do número de casos entre jovens, a maioria nas classes A e B, exatamente os frequentadores de bares, festas e shoppings.
Um diretor de hospital particular já anuncia um aumento acima de 100% na média de internações por covid-19 na última semana, confirmando as informações da FVS sobre o avanço da doença nas classes mais abastadas.
Enquanto o mundo o mundo ainda está assustado e receoso com os danos que a Covid-19 pode causar, as pessoas no Brasil, no Amazonas e em Manaus parecem dispostas a pagar o preço da teimosia em um momento que o país registra mais de 130 mil mortes pela Covid-19.