Por Henderson Martinsm, da Redação
MANAUS – A rejeição, e não apenas a preferência do eleitorado pelos candidatos, pode ser um fator de influência na queda ou aumento de popularidade no segundo turno da eleição. Na disputa para governador do Amazonas, observa-se uma coincidência entre a subida do jornalista Wilson Lima (PSC) nas pesquisas de intenção de voto e o baixo índice de rejeição do candidato.
Nas primeiras pesquisas em cenário de primeiro turno, Lima aparecia em terceiro e quarto lugar. A partir da terceira sondagem, o jornalista oscilou entre segundo e terceiro. Entre o governador Amazonino Mendes (PDT), que tenta a reeleição, o senador Omar Aziz (PSD) e o deputado estadual David Almeida (PSB), Lima era quem apresentava o menor índice de rejeição.
Evolução
Passada a eleição suplementar de agosto de 2017, logo após ser eleito, Amazonino Mendes já aparecia como favorito à reeleição, com 27,6% das intenções de voto. Wilson Lima não aparecia na pesquisa, divulgada no dia 10 de novembro de 2017. A sondagem foi da Pontual, mesma empresa que divulgou cenário de segundo turno na sexta-feira, 19, na qual Wilson Lima obteve 68,41% dos votos contra 31,59% de Amazonino.
Na ocasião, Amazonino tinha 27,6% dos votos, David Almeida (10,1%), José Ricardo (9,3%), Rebecca Garcia (8,8%), Arthur Virgílio Neto (6,8%), Marcos Rotta (5,3%) e Marcelo Ramos (1,2%). A pesquisa não apresentava Wilson Lima como candidato.
Um segundo levantamento, divulgado no dia 30 de novembro de 2017, dessa vez da Pesquisa 365, mostrava Amazonino liderando a corrida eleitoral, seguido pelo presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), David Almeida (PSB). Nesse estudo, Wilson Lima era favorito à Câmara dos Deputados.
Em uma nova pesquisa, divulgada no dia 15 de julho deste ano, da empresa Action, Amazonino aparecia à frente de David Almeida com 34,3% dos contos contra 19,6% do deputado estadual. Wilson Lima havia obtido 17,9% dos votos, seguido do senador Omar Aziz (PSD), que alcançava 11,6% dos votos.
Wilson Lima manteve a alta na preferência do eleitorado nos estudos seguintes. Outro estudo, divulgado no dia 16 de julho, Amazonino obteve 24,8% contra 16,4% de David Almeida. Wilson Lima aparecia na 4ª colocação, com 12,6%.
Rejeição
Na pesquisa divulgada no dia 1º de agosto deste ano, da DMP, Amazonino manteve a dianteira, mas com alto índice de rejeição. Ele tinha 24,1% dos votos, mas com 30,33% de rejeição. Em segundo lugar aparecia David Almeida, com 18,2% e com 15,72% de rejeição. O terceiro lugar era ocupado por Wilson Lima com 16,1% e rejeição de 4,80% do eleitorado Amazonense. O senador Omar Aziz aparecia em quarto lugar com 15,5% dos votos e rejeição de 14,5%.
Em nova pesquisa da DMP, divulgado no dia 21 de setembro deste ano, Wilson Lima aparece à frente de Amazonino. Lima tinha 27% contra 25% do candidato do PDT. A DMP também perguntou em qual candidato o eleitor não votaria de jeito nenhum. Amazonino aparecia com a rejeição mais alta: 30% contra 2% de Wilson Lima.
Segundo turno
Na pesquisa divulgada no dia 17, da 365, no segundo turno Wilson Lima aparece como favorito, com 63%, enquanto Amazonino Mendes tem 37% dos votos válidos (excluídos os bancos, nulos e eleitores indecisos).
Na noite desta sexta-feira, 13, o Ibope apresentou sua primeira pesquisa do segundo turno com números parecidos: Wilson Lima com 65% contra 35% de Amazonino Mendes, considerando os votos válidos.
Nesta pesquisa, a rejeição de Wilson Lima aparece maior que nas pesquisas anteriores, mas ainda assim, é menor que a de Amazonino Mendes. Questionados em quem não votariam de jeito nenhum, 10% responderam Wilson Lima enquanto 45% disseram Amazonino.
Análise
O sociólogo e cientista político Ademir Ramos diz que as pesquisas eleitorais trabalham com indicadores que estão relacionados às conjunturas. Conforme a estratégia dos candidatos e o momento político que vem passando o Estado, os resultados das pesquisas vão se alterando.
Ademir Ramos disse que no 1º turno a estratégia de Amazonino Mendes era assegurar a base eleitoral no interior e abandonou a mobilização na capital. Já Wilson Lima esteve mais presente na capital, o que mostrou a densidade de votos a favor dele em Manaus. “A diferença entre o Amazonino e o Wilson, no primeiro turno, foi de 35% na capital amazonense, uma diferença muito grande”, disse Ramos.
Ademir Ramos diz que este cenário se reverteu no segundo turno com maior presença de Amazonino na capital enquanto a campanha de Wilson Lima passou a ter uma agenda mais intensa no interior do Estado. “A questão é saber se o atual governador tem tempo hábil e consegue reverter essa situação aqui na capital, se ele (Amazonino) consegue segurar os eleitores do interior. E o caso de Wilson Lima, saber se essa ida dele ao interior, e a saída da capital, poderá surtir efeitos colaterais”, comentou.
Ramos deduz que Wilson Lima não sabia da dimensão dos votos que iria receber no primeiro turno. Uma vez conhecendo o resultado, cabe a cada candidato buscar o prejuízo nos pontos onde não se deram tão bem.