Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Atrativo turístico na Serra do Tepequém, no norte de Roraima, a Pedra Mão de Deus corre o risco de desabar, segundo especialistas da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima. Em visita ao local, eles identificaram rachaduras que apontam para o risco de deslizamento de pedras, como ocorreu em Capitólio (MG), em janeiro deste ano.
“Entendemos que é uma questão de tempo [para] que o colapso da ‘Pedra Mão de Deus’, ocasionado, principalmente, por processos erosivos e intempéricos ocorrentes nas fraturas preexistentes nos sedimentos, ocorra, análogo ao acidente de Capitólio, em Minas Gerais”, diz trecho do relatório sobre as Condições Técnicas da Pedra Mão de Deus.
Datado de 6 de setembro deste ano, o relatório é assinado pelos engenheiros Vandenildo Artur Lima de Queiroz e Zacarias Cruz de Oliveira, da Fundação do Meio Ambiente de Roraima. Eles consideram pesquisas sobre o solo na Serra do Tepequém, realizadas em 2010 e 2014, e, principalmente, registros feitos por eles durante uma visita ao local em maio deste ano.
De acordo com os analistas ambientais, o local tem naturalmente diversas fraturas que favorecem o deslizamento de blocos de tempos em tempos, mas essa condição, que é um processo natural da formação rochosa, aliada à erosão causada pelo impacto da água e do vento no paredão, “podem causar o colapso da pedra e levar a acidentes trágicos e fatais”.
Os analistas pediram para que a Prefeitura de Amajarí ( a 120 quilômetros de Boa Vista) interdite o local. “Por não ter a precisão em que horas e dia que ocorrerá o colapso desta atração turística, recomendamos que, as autoridades do local, mais diretamente a Defesa Civil do município e a Prefeitura, construa cerca naquele local que impeça os turistas de estar em cima, na pedra”, afirmam.
Apesar da recomendação, Vandenildo e Zacarias afirmam que turistas podem visitar o local, mas devem manter distância para evitar acidentes. “A visita de turistas não deve ser proibida, mas deve ser mantida uma distância segura da ‘Pedra Mão de Deus’ a fim de se evitar acidentes”, diz outro trecho do documento da fundação.
Turistas continuam visitando a pedra, conforme fotografias publicadas nas redes sociais nos últimos dias, rastreadas por localização. Um deles, de Manaus, que esteve no local no sábado (15), disse à reportagem que não sabia dos riscos. “Sobre esse risco, eu não fiquei sabendo. A gente estava acompanhado de guias. Foi bem tranquilo. Não teve nenhum problema”, disse o rapaz.
Procurados pela reportagem, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Roraima informaram que receberam pedido da Prefeitura de Amajarí para realização de vistoria na Pedra Mão de Deus e acionaram a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos para que, com a equipe de geólogos, realizasse a vistoria na pedra.
Os órgãos estaduais informaram que, com base no relatório da fundação, orientaram a prefeitura sobre as providências que devem ser adotadas no local. Os bombeiros e a defesa civil entendem que a primeira resposta, em ações de proteção e defesa civil, é do órgão municipal, e que só devem atuar caso o município não tenha meios para dar a resposta necessária.
Leia a nota na íntegra:
NOTA
O Corpo de Bombeiros Militar e a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil de Roraima informam que receberam da Prefeitura e da Defesa Civil Municipal do Amajari solicitação de vistoria na Pedra Mão de Deus no Tepequém.
De imediato, o CBMRR e a Defesa Civil Estadual encaminharam a solicitação para a Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) para que, com a equipe de geólogos, realizasse a vistoria na Pedra.
Com base no relatório da Femarh, que estabelece as medidas necessárias para garantir a segurança dos visitantes da área da Pedra Mão de Deus, o CBMRR e a Defesa Civil de Roraima orientaram a Prefeitura e a Defesa Civil do Amajari com relação às providências que devem ser adotadas no local.
O CBMRR e a Defesa Civil de Roraima destacam que a primeira resposta, em ações de proteção e defesa civil, é do órgão municipal. Caso os entes municipais, neste contexto do município do Amajari, não possuam meios para dar a resposta necessária, os órgãos estaduais podem ser requisitados.
Até o presente momento e em posse do relatório, a Prefeitura e a Defesa Civil do Amajari informaram que irão tomar as medidas necessárias e, caso precisem, entrarão em contato com o CBMRR e a Defesa Civil Estadual para solicitar apoio.