
Por Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – “A fogueira está queimando em homenagem a São João. O forró já começou. Vamos, gente, rapa pé nesse salão […]”, cantou Luiz Gonzaga ao entoar um ritmo que o consagrou.
Nos palcos, o gingado das quadrilhas juninas empolga no folclore popular e o forró é gênero inesquecível.
“Eu sinto saudades de Luiz [Gonzaga] porque eu ainda gosto de dançar. Um forrozim de pé de serra, daquele que a gente fica até o dia clarear”, anunciou o locutor ao apresentar a Caipira na Roça no 64º Festival Folclórico do Amazonas, em 2022. Este ano, o grupo quer exaltar o forró.
“O nosso repertório é diferenciado por se tratar da quadrilha mais forrozeira do Amazonas. Estamos ensaiando quatro dias por semana para encarar esse São João com um trabalho que fará jus ao que temos feito nos últimos anos. O foco é ir em busca do título de bicampeã no Campeonato Brasileiro e do o tri do Amazonense”, diz o presidente da quadrilha, Marcio Oliveira Soares, de 49 anos.
A Caipira na Roça foi criada no bairro Alvorada, na zona centro-oeste de Manaus, em 1975. O nome do grupo faz referência às roupas de trabalhadores do campo que os dançarinos de quadrilha vestiam na época.
O grupo, que tem hoje 140 participantes, foi campeão do Campeonato Brasileiro de Quadrilhas em 2017, em São Luís (MA). As coreografias da Caipira mostram passos típicos como ‘carroça’, ‘leque’ e ‘fogueira’.
Para dar conta das 40 apresentações previstas para este ano, os integrantes se ensaiam durante seis meses. Entre eles, está Marcelo Anselmo, de 25 anos, que interpreta o rei. “Eu participo da quadrilha porque é um momento de paz. É um momento de extravasar. Participo há seis anos e tento ajudar de todas as formas. Eu me cobro muito para entregar o melhor”, disse.
“Olha pro céu, meu amor, veja como ele está lindo. Olha pra aquele balão multicor, como no céu vai sumindo […]”, diz a letra da música. Os versos e a melodia acendem a chama dos corações apaixonados pela festa de São João.

Música própria
É o caso da quadrilha Jac na Roça, também do bairro Alvorada, que está na expectativa para mais uma temporada de apresentações. Este ano o grupo utilizará o xaxado como ritmo principal. A intenção é fazer referência a Lampião e Maria Bonita.
“Somos 26 pares. A Jac tem muita história pra contar. Este ano, a quadrilha vem com a primeira música de nossa autoria. O público pode esperar a expressão de força, garra e muita fé. Nós estamos finalizando a temática e as indumentárias”, diz a organizadora do grupo, Lêda dos Santos, de 45 anos.
Custeio
Na última terça-feira (16), a Prefeitura de Manaus lançou o Edital de Chamada Pública para concessão de apoio aos festivais folclóricos dos bairros, como arraiais e quermesses, que ocorrerão de 20 de junho a 31 de agosto.
O edital estabelece critérios à concessão de apoio para até 60 eventos e está dividido em duas categorias: 25 festivais com três diárias e 35 festivais com seis diárias.
Cada proponente poderá apresentar apenas uma proposta, até 15 dias corridos a contar da publicação do Edital no Diário Oficial do Município (DOM). O certame está disponível na aba “editais” no site manauscult.manaus.am.gov.br.
De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, o 65º Festival Folclórico do Amazonas será realizado de 15 a 31 de julho, com apresentação de grupos folclóricos e bois bumbás no Sambódromo.
De Norte a Sul do Brasil, cada região apresenta tradições diferentes ao celebrar o São João. Mas o forró domina as apresentações. E tanto na dança como na música, a combinação de ritmo e poesia é perfeita como mostra o trecho da canção.
“Eu fiz uma fogueirinha, esperando meu amor, tomou conta do terreiro, o forró se esquentou. Me arraiô! Rastro na areia. Minha sereia, São João é um amor […]”.
