Por Alessandra Taveira, da Redação
MANAUS – Banhistas lotaram uma faixa de praia na Ponta das Lajes, no Rio Negro, zona leste, no domingo (7). O local, antes desconhecido pelos manauaras, ficou badalado após o prefeito David Almeida anunciar, em outubro deste ano, que vai tirar do papel um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer adquirido na gestão do ex-prefeito Serafim Corrêa (2005-2008) para transformar o mirante em ponto turístico.
“O calor em Manaus estava convidativo [no domingo]”, disse Valter Calheiros, membro do SOS Encontro das Águas – que há 12 anos alerta sobre o risco de danos ambientais nos rios Negro e Solimões. Segundo ele, mais de mil pessoas estiveram na Ponta das Lajes para tomar banho. A preocupação é que o lazer acabe em tragédia. “Não tem bombeiro nem primeiros socorros”, disse Calheiros.
O lajeiro exposto, devido à vazante, pode causar graves acidentes, afirma Valter Calheiros. “Você não vê que tem um buraco imenso no lajeiro, não se vê as crateras, as fendas que existem. E, na época da cheia, com tudo submerso, as pessoas acham que é tudo igual, que não tem nada ali, mas estão enganadas. É muito perigoso”.
O ativista atribui a visitação em massa à promoção que a Prefeitura de Manaus tem feito sobre o lugar e o plano de construir o Parque Encontro das Águas. A visibilidade ao local atraiu banhistas.
“Aquela região sempre foi visitada pelo pessoal da Colônia [Antonio Aleixo], por moradores. Sempre foi área de balneário, de pescaria. Agora, com todas as notícias que estão saindo, a cidade ‘tá’ sabendo que ali tem praia e uma visão bonita do Rio Negro, é uma riqueza muito grande”, disse Calheiros.
No local, tem a faixa de praia e uma área de sítio arqueológico. O sítio não é um “pedral” uniforme, pois tem muitos buracos e crateras.
Segundo Valter, essa é a “maior área frontal que se tem do Encontro das Águas”. Os registros flagraram crianças, jovens e adultos na praia.
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A presença excessiva de banhistas acontece agora no período da vazante, quando a “prainha aparece”. Antes, o local só era frequentado por pescadores da Colônia, do Puraquequara e do Mauazinho – bairros da região. “Não ia tanta gente assim, mas agora o pessoal ficou sabendo de tudo aquilo, que é muito bonito… Manaus não conhece ali”, diz Valter.
A área não tem segurança. Faltam salva-vidas, como é feito na Praia da Ponta Negra. “Nem viatura da Polícia Militar, que entra no bairro, não desce ali”, diz Valter Calheiros.
Procurado pela reportagem do ATUAL, o Implurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) informou, em nota, que a segurança dos banhistas que, eventualmente, frequentarem a área, é dos mesmos, uma vez que o parque ainda está em desenvolvimento.
Por ainda não ter sido inaugurado, não há tutela do poder público sobre os banhistas, pois “não é uma área preparada para receber visitantes”. O Implurb diz que antes da inauguração do parque serão definidas as competências e responsabilidades para serviços ao público.
“As áreas de orla são de competência da União e da Marinha e, no momento, a faixa de praia na região não está estruturada como ocorreu na Ponta Negra”, complementa o instituto. O trabalho de segurança no local será realizado em conjunto com os estudos que a prefeitura está promovendo no local.
Apesar da ausência de forças de segurança, a prefeitura assegura que há limpeza no local, com podas, capinação e “melhorias” no acesso interno, mantendo equipes na área.
O parque deve ser entregue no primeiro semestre de 2023. A previsão do início das obras é para o segundo semestre de 2022.