RIO DE JANEIRO — Nas 12 cidades-sede da Copa, uma substância altamente poluente está sendo transformada em combustível ‘limpo’. O projeto Bioplanet recolhe e transforma óleo de cozinha usado em biodiesel, que aciona motores com baixa emissão de gases tóxicos. No Rio, caminhões da Comlurb vão utilizá-lo durante todo o Mundial. A iniciativa, da empresa de pesquisa em bioenergia Biotechnos, foi a vencedora do Prêmio Firjan Ambiental 2014, na categoria Emissão de Gases de Efeito Estufa.
O óleo de cozinha, ao ser jogado pelo ralo da pia, vira um grave problema ambiental. Um só litro dele contamina 12 mil litros de água de rios, lagos ou mares. “Transformá-lo em biodiesel evita a poluição de oceanos ao mesmo tempo em que melhora a qualidade do ar nas cidades”, afirma o coordenador do Bioplanet, Vinicius Puhl.
O combustível produzido nas usinas do projeto emprega biofórmula benéfica para a atmosfera: 20% de biodiesel para 80% de diesel mineral. “Acrescentar até mesmo 1% de biodiesel na composição do diesel comum já reduziria muito os níveis de gás carbônico no ar. Corresponderia a plantar 7 milhões de árvores. No biodiesel d20, a redução de gases do efeito estufa chega a 60%. É um potencial enorme de despoluição”, diz.
Apesar de o pontapé inicial ter sido dado com o Mundial, Vinicius garante que a iniciativa se estenderá para além dos dias do evento. O projeto também garante sustentabilidade social para catadores de lixo, que recolhem o óleo de cozinha usado de residências e restaurantes. “É uma nova fonte de renda para essas pessoas, e uma alternativa sustentável para as cidades”, analisa.
No Rio, a usina que industrializa o combustível é em Honório Gurgel. “Do modo que fazemos, sem desperdício de água e com tecnologia diferente, temos como produto final não só o biodiesel como a glicerina, para fazer sabonete”.