
MANAUS – O programa Mais Médicos, do governo federal, não preencheu o número de vagas autorizado para o ingresso de novos médicos em Manaus. Conforme dados do portal oficial do programa, criado para o cadastro nacional de especialistas e para reunir informações sobre os municípios, estavam previstos 99 profissionais para a cidade, mas apenas 73 estavam ativos até a última quinta-feira, 4, quando o AMAZONAS ATUAL fez o levantamento.
Conforme dados do site, foram autorizadas para o Estado do Amazonas, 433 vagas, incluindo os 62 municípios. Até agora, 513 médicos estão atuando no Amazonas, 18,4% a mais que o previsto. Contudo, a maior parte da população do Estado está concentrada na capital, onde a totalidade das vagas ainda não foi preenchida. Segundo a projeção 2015 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 52,2% dos moradores do Amazonas estão em Manaus, ou seja, 2.057.711 das 3.938.336 pessoas.
O Mais Médicos é um programa criado pelo governo federal para suprir o déficit de profissionais nas unidades da federação, contratando profissionais do Brasil e de outros países. O programa foi alvo de polêmica envolvendo o Conselho Federal de Medicina e entidades de classe, porque os profissionais estrangeiros acabaram sendo liberados do Revalida, prova aplicada para a revalidação do diploma adquirido fora do País.
As informações públicas do programa disponibilizadas à população apontam que, apesar de a maioria dos municípios não trazer no descritivo a especialidade ativa na localidade, em Manaus, os profissionais autorizados passam por diversas especialidades, entre elas anestesiologia, cirurgia digestiva, ginecologia, mastologia, medicina da família, oftalmologia, medicina intensiva, pediatria e radiologia.
O mesmo ocorre com alguns dos municípios amazonenses mais populosos, como Manacapuru e Coari. Em Manacapuru, foram autorizadas 14 vagas e preenchidas nove e Coari dispõe de 13 vagas e 12 profissionais atuantes.
Em outros casos, a exemplo de Parintins, os profissionais ativos superam o número autorizado. Na ilha, foram 14 autorizações e 19 profissionais contratados. Uarini é o único município que aparece no portal sem dados, tanto de autorizações quanto de profissionais em atividade.
MPF
O MPF (Ministério Público Federal) instaurou, através da portaria 4, publicada esta semana, inquérito civil para apurar possíveis irregularidades no repasse de recursos para a manutenção do programa em Iranduba (a 24 quilômetros de Manaus), cidade que recentemente foi alvo de escândalos com a prisão do prefeito Xinaik Medeiros e de parte de seu secretariado.
Eles foram acusados de desvio de recursos públicos, incluindo verba federal, e foram detidos durante operação da Polícia Federal.
O inquérito do MPF, que será conduzido pela procuradora regional dos direitos do cidadão, Bruna Menezes Gomes da Silva, cita como uma das partes Carlos Ribeiro Serrão Júnior, ex-diretor de uma Unidade Básica de Saúde no município, conforme apurou a reportagem.
O município foi beneficiado através do Mais Médicos com três médicos, apesar de ter aprovadas oito vagas para profissionais na cidade.
O AMAZONAS ATUAL tentou contato com o Ministério da Saúde para falar sobre o assunto, sem sucesso.