Da Redação
MANAUS – Com método artesanal, a fabricação de farinha no Amazonas atingiu 36 toneladas no ano passado, um aumento de 18% em relação ao ano anterior, segundo a Apafe (Associação de Produtores Agroextrativistas da Flona de Tefé). O crescimento no volume se deve à entrada de mais famílias na fabricação do produto e a novas casas de farinha.
Melhorar a qualidade do produto, principalmente a do tipo Uarini, é a nova preocupação da Apafe, que promoveu treinamento na Comunidade de São Francisco do Bauana, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, com apoio do Instituto Mamirauá e da FAZ (Fundação Amazonas Sustentável). A oficina reuniu 20 produtores, incluindo indígenas da etnia Miranha.
A qualificação envolve regras de higienização, armazenamento, transporte e legislação. Os Miranha ensinaram sobre eficiência na torra da farinha, reduzindo o consumo de lenha, além de técnicas para a redução do pó e aumento da velocidade de produção a partir de técnicas desenvolvidas durante décadas. Segundo a FAS, as dicas repassadas permitem uma farinha com qualidade diferenciada para o mercado, com grãos tipificados, crocância, além de segurança alimentar.
“A partir do momento em que se tem uma produção higiênica nesse processo, a segurança alimentar da farinha fica assegurada e o produto possui cada vez mais qualidade, agregando mais valor a essa produção que mantém a floresta em pé”, disse a coordenadora do Edital Floresta em Pé, Mickela Souza.
Com as novas técnicas, o tempo de preparação no processo de fornada caiu de 50 minutos a 1 hora para 30 a 40 minutos, em média. A velocidade na produção não implica no aumento do volume de farinha, pois essa questão envolve demanda do mercado consumidor. “As grandes vantagens de reduzir-se o tempo são diminuir o esforço dos ribeirinhos no processo produtivo, ter a possibilidade de investir tempo em outras atividades e tornar a produção mais sustentável, economizando lenha”, informou.
A produção é maior na zona rural de Tefé e Uarini (521 e 565 quilômetros de Manaus, respectivamente), Maraã, Fonte Boa, Tefé e Alvarães. Uarini, inclusive, dá nome a um tipo de farinha fabricada no Estado. A Apafe busca garantir o selo Identidade Geográfica, que atesta a qualidade Uarini da farinha.