Por Saadya Jezine, da Redação
MANAUS – São 17 mil hectares de área cultivada e 1,3 milhão de mudas de castanheiras plantadas no local, empregando diretamente 25 famílias e 120 pessoas indiretamente. A fazenda Aruanã, localizada na Rodovia AM-010 (quilômetro 215), em Itacoatiara, pertence ao empresário Sérgio Vergueiro, de 77 anos, que na noite de quinta-feira, 21, foi homenageado pelo Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas). A homenagem contou com representantes da indústria e do Governo do Estado. Vergueiro recebeu uma placa de homenagem à grande produção de Castanha do Brasil, que está sendo considerada uma das vertentes da nova matriz econômica do Amazonas. Vergueiro anunciou que os novos projetos contemplam a duplicação da produção, que atualmente é 10 mil toneladas/ano e que até 2017 deverá atingir 20 toneladas.
“São 9 estados do país que consome toda a nossa produção. Mas nós temos certificação, inclusive orgânica, para exportar até para a Noruega, que é um dos países mais exigentes para exportar esses produtos”, disse Vergueiro. O empresário, que tem 47 anos de sua vida dedicado a produção rural e 35 deles só com a castanha, afirma que os futuros investimento tendem fortalecer o seu “carro-chefe”. “A castanha hoje corresponde a 90% de toda a produção da fazenda, e atualmente exploramos apenas 30% do castanhal, ou seja, ainda temos capacidade de expansão econômica”, afirmou Vergueiro. Para os próximos anos, ele prevê atingir uma produção anual de 100 tonelados do produto acabado, que atualmente é vendido em embalagens de 110 gramas.
O secretário da Seplancti (Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) Thomaz Nogueira, representando o governador José Melo no evento, destacou a relação entre a produção em grande escala da fazenda Aruanã e a economia com o Estado. “Temos 95% de ICMS proveniente da capital e precisamos mudar esse cenário. Essa nova matriz econômica vai ser exemplo para muitos investimentos, e é um grande potencial para mudarmos essa realidade”, afirmou Nogueira.
O presidente do Cieam, Wilson Périco, destacou que o grande potencial de exportação da Castanha do Brasil, o empreendimento da fazenda Aruanã, é o início de um processo que pode tirar o Estado do Amazonas da dependência econômica do Polo Industrial de Manaus. O Cieam é uma das entidades que mais aposta em projetos do que o Estado vem chamando de novas matrizes econômicas.
Potenciais
Além da produção de Castanha do Brasil, a área agrega a produção de pupunha sem espinho e de copaíba. “Temos dois produtos finais produzidos a partir dessa plantação de pupunha, um é o próprio fruto e o outro é a produção de palmito”, afirmou Vergueiro. O proprietário explicou que em parceria com o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) desenvolve também projetos envolvendo a produção de cogumelos comestíveis a partir da madeira da castanha.
Na última sexta-feira, 15, foi assinada uma parceria com o CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia). O objetivo do acordo é verificar a composição química dos resíduos provenientes da produção de castanha. “Vamos analisar se não tem componentes desse material que poderiam ter algum tipo de aproveitamento econômico vendidos como biomoléculas, que são substâncias isoladas purificadas a partir da castanha”, afirmou Adrian Martin Pohlit, pesquisador e coordenador geral do CBA. Os resultados preliminares devem ser conhecidos em abril de 2017, informou Pohlit.
Responsabilidade socioambiental
Há 8 anos, o Instituto Excelsa, vinculado a Fazenda Aruanã, forneceu gratuitamente mudas de castanha para moradores da área do entorno. “Depois de termos nos assegurado à técnica de plantar, enxertar e colher castanhas, nós passamos a fornecer de graça as mudas para as famílias que moravam na proximidade da fazenda, e é algo que deu muito certo”, afirmou Vergueiro.
O projeto idealizado pela presidente do Instituto Excelsa, Ana Luiza Pellegrini Vergueiro, já contabiliza 600 mil mudas plantadas por 1.500 famílias em mais de 120 comunidades no entorno da região onde está a fazenda Aruanã.