Do ATUAL
MANAUS – Após a retomada do Fundo Amazônia pelo governo federal, o presidente da AAM (Associação Amazonense de Municípios), Anderson Souza, criticou, em entrevista ao jornal Acrítica publicada neste sábado (21), o repasse de dinheiro para ONGs que, segundo ele, atendem “meia dúzia de cidadãos”. Anderson é prefeito de Rio Preto da Eva, na Região Metropolitana de Manaus.
Para o presidente da entidade, os valores deveriam ser destinados às prefeituras. “O que as ONGs estão fazendo no município? Não tem nada, uma atividade. Se você me apontar uma entidade que uma ONG fez dentro do município que possa levar um cidadão a se tornar um cidadão de qualidade, que tenha meios de vida, eu deixo de ser prefeito”, afirmou Anderson.
O prefeito disse que as ações das prefeituras têm alcance maior do que as atividades das ONGs. “Não tem uma ONG que eu conheça que prestou serviço a um município de maneira a fazer com que milhares de cidadãos fossem atendidos. A ONG pode atender uma meia dúzia de cidadão, mas não atende a maioria. Quem atende? A prefeitura”, disse Anderson.
Ao sustentar que as prefeituras poderiam impulsionar a geração de emprego no interior com recursos do Fundo Amazônia, o presidente da AAM afirmou que atualmente, em Rio Preto da Eva, existem 19 mil pessoas cadastradas no CadÚnico – sistema do governo federal que identifica de pessoas de baixa renda.
“São pessoas esperando para receber R$ 600 e agora mais R$ 150 por filho [promessa de campanha do presidente Lula], o que vai fazer com que as pessoas fiquem em casa fazendo filho, porque vai ser a única alternativa, já que ninguém acha alternativa de trabalho, o que nós queremos mudar”, afirmou Anderson.
Críticas no Senado
Nesta semana, as ONGs também foram alvos de críticas do senador Plínio Valério (PSDB), que é autor do pedido de CPI no Senado para investigar as entidades na região. O parlamentar disse que “o Fundo Amazônia deverá receber bilhões de países estrangeiros” e que “essa caixa preta [das ONGs da Amazônia] tem que ser aberta para dar transparência ao uso desses recursos”.
O requerimento de Plínio foi apresentado e lido em plenário ainda em 2019, no primeiro ano de mandato dele, mas a comissão nunca foi aberta. O objetivo é investigar, entre outros temas, a atuação de ONGs na Amazônia, a liberação de verbas públicas para essas entidades e para organizações da sociedade civil de interesse público bem como a utilização desses recursos.
No último dia 19 de janeiro, o senador cobrou que a CPI seja instalada neste ano. “é importante que na volta do Fundo Amazônia nós saibamos para onde vai esse dinheiro. Qual o compromisso de quem recebe esse dinheiro e pra que é esse dinheiro. Por isso a CPI das ONGs está mais atual do que nunca”, afirmou Plínio.