É escandaloso o que está acontecendo no País após as eleições. O presidente eleito não esconde a sua agenda de retrocessos para o povo brasileiro. Os primeiros nomes que atuarão em seu governo nada têm a ver com o discurso da campanha política.
Parece uma organização criminosa. Onyx Lorenzoni admitiu em um vídeo feito por ele, que recebeu R$100 mil de Caixa 2 da JBS. Paulo Guedes é investigado pelo Ministério Público Federal por fraude de R$ 1 bilhão e também por desvio de R$ 600 mil do Fundo da Previdência da Caixa Econômica Federal. Magno Malta recebeu cheque de R$ 100 mil de empreiteira, valor não declarado e ainda é acusado de participar da máfia das Sanguessugas. Alberto Fraga foi condenado e cumpre pena por recebimento de R$ 350 mil em propinas. O próprio presidente eleito foi condenado por incitação ao estupro, racismo e homofobia, além de receber recursos de Caixa 2 da JBS.
Na equipe de transição nomeada, com 27 nomes, não tinha nenhuma mulher. Depois de muita pressão, três mulheres serão nomeadas. Tem membro da equipe de transição que foi preso por agressão à ex-mulher, enquadrado na Lei Maria da Penha e condenado por estelionato.
No Congresso Nacional, o novo governo, em consórcio com o presidente ilegítimo Temer, prevê a votação, ainda este ano, de várias pautas. Bolsonaro votou a favor do golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência do País e colocou o Temer. E também votou na maioria dos projetos que tiraram direitos dos trabalhadores. Agora a pauta é de mais retrocessos e limitação de direitos fundamentais garantidos na Constituição, como: a Escola sem Partido; a Criminalização dos Movimentos Sociais; a entrega total do Pré-Sal aos estrangeiros; a Reforma da Previdência, dentre outros.
E tem mais. Bolsonaro planeja o fim do Ministério do Trabalho, enfraquecendo a fiscalização contra a exploração de trabalhadores. Quer mudar a metodologia dos cálculos e estatísticas do IBGE, pois não se conforma com os dados positivos dos Governos de Lula e Dilma e o desastre do Governo Temer, que ele ajudou a colocar no poder.
O convite e a aceitação do juiz federal Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça demonstra claramente a perseguição ao presidente Lula para impedir a sua candidatura a presidente nas eleições deste ano. O Moro não tem escrúpulos de rasgar a Constituição do país e mostrar a falta de ética e sua parcialidade nos julgamentos.
Sérgio Moro conspirou desde o golpe para perseguir Lula e o PT. Ele falou que “Jamais entraria para a política”, conforme noticiado pelo jornal Estado de São Paulo em novembro de 2016. Ordenou a espetaculosa condução coercitiva de Lula sem antes chamá-lo para depor. Mandou grampear o escritório dos advogados de defesa de Lula. Divulgou escutas ilegais com a então presidenta Dilma. Articulado com o TRF da 4ª Região acelerou a condenação de Lula por “crimes indeterminados” e, mesmo de férias, protagonizou o episódio de manobrar e impedir o habeas corpus para soltura de Lula.
Uma semana antes do primeiro turno das eleições presidenciais, o juiz Sérgio Moro abriu sigilo de trechos da delação de Palocci, que, segundo o próprio Moro, não representariam nenhuma serventia ao inquérito.
Recentemente, o vice-presidente eleito Mourão, revelou que o contato com Moro para participar do Governo de Bolsonaro, ocorreu ainda durante a campanha.
Enquanto perseguia o PT, o juiz Moro confraternizava com João Dória (PSDB) e participava de palestras na empresa do prefeito. Era visto em animadas conversas com Aécio Neves (PSDB), recordista de inquéritos da Lava Jato, e com o presidente Temer, investigado em diversos crimes de corrupção. Também posava para fotos com o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, apelidado de Botafogo, na lista de propinas da Odebrecht.
Sobre o Caixa 2 do futuro ministro de Bolsonaro, Onys Lorenzoni, Moro diz que não é imoral, pois “ele já admitiu e pediu desculpas”. É assim que esse juiz trata os amigos. Por isso se recusou a investigar as propinas para políticos do PSDB. E sua recompensa como cabo eleitoral é o cargo de ministro da Justiça do Bolsonaro e a promessa futura de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Não há dúvidas. O julgamento de Lula foi político. Nenhum crime foi cometido. Nenhuma prova apresentada. O processo já deveria ter sido anulado pelo STF desde o início. Por isso, a defesa de Lula já entrou com recursos para pedir sua liberdade. O ministro Edson Fachin enviou para a 2ª turma do STF julgar.
Lula disse que “nunca pensei que pôr um prato de comida na mesa de um pobre, fosse gerar tanto ódio em uma elite que joga toneladas de comida no lixo todos os dias”.
O jornalista Luís Nassif, em texto intitulado `Lula, a Honestidade em Pessoa´, escreve: “Quebraram os sigilos bancário e fiscal de Lula, de seus filhos, de sua empresa de palestras e do Instituto Lula. Quebraram o sigilo dos telefonemas de Lula, seus familiares, colaboradores e até de seus advogados. Invadiram e vasculharam a casa de Lula, as casas de seus filhos e o Instituto Lula. Investigaram todas as viagens internacionais do ex-presidente, quem pagou, que aviões usou, quem o acompanhou, onde se hospedou, com quem conversou, inclusive a Operação Lava Jato, ou a qualquer ilegalidade. Nenhum depósito suspeito, nenhuma conta no exterior, nenhuma empresa de fachada, nenhum centavo que não tenha sido ganho honestamente e declarado para o pagamento de impostos”.
A resistência a esse governo fascista que assumirá no próximo ano será a principal luta. E Lula é importante nessa luta. Por isso, a campanha Lula Livre vai continuar!
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.