MANAUS – A primeira ação do deputado Platiny Soares (PV), que estreou este ano na Assembleia Legislativa, foi uma articulação em Brasília para anistiar policiais militares que participaram da greve na Polícia Militar, em abril do ano passado. Na ocasião, os policiais cruzaram os braços mesmo contra uma ordem expressa do Comando Geral da PM e do então secretário de Segurança Pública, Paulo Roberto Vital. Por conta da quebra de hierarquia e de baderna, como saque de viaturas que estavam circulando na cidade, cerca de 300 policiais estão respondendo a processos na Corregedoria da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP).
Desde segunda-feira, Platiny está em Brasília, onde negocia com parlamentares, inclusive com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), a tramitação de um projeto de lei de autoria de Pauderney Avelino (DEM), elaborado pala Associação de Praças do Amazonas (Apeam), que proíbe punição a qualquer participante da paralisação, que o deputado prefere chamar de mobilização.
No dia da paralisação, em reunião com representantes dos grevistas e da cúpula da segurança púbica, o governador José Melo (Pros) determinou, em documento assinado durante a reunião, que nenhum grevista fosse punido. Não é o que vem acontecendo. A Corregedoria da Segurança Pública abriu processo, principalmente, contra aqueles que cometeram excessos durante a paralisação. Por isso, o deputado, que se diz representante dos praças, quer incluir em uma lei federal a anistia aos participantes do movimento paredista.
O Projeto de Lei nº 305/2015 inclui o Amazonas em uma lista de Estados que já ganharam anista, com a aprovação da Lei nº 12..505/2011. Essa lei “concede anistia aos policiais e bombeiros militares dos Estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, de Mato Grosso, de Minas Gerais, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte, de Rondônia, de Roraima, de Santa Catarina, de Sergipe e do Tocantins e do Distrito Federal, punidos por participar de movimentos reivindicatórios”. Na proposta de Pauderney, além do Amazonas, são incluídos também o Pará, Mato Grosso do Sul e Acre.
O deputado Platiny Soares, que é vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia, e o presidente da Associação dos Praças do Estado do Amazonas (Apeam), Gerson Feitosa, cumprem até esta quarta-feira, 25, uma agenda de visitas a deputados federais e associações de classe de profissionais de segurança pública.
“Vamos procurar cada um dos deputados da bancada da bala e apresentar nosso pedido para que eles se juntem a luta pela aprovação do PL 305. Sabemos que os deputados federais do Amazonas já estão engajados. Não temos dúvida da aprovação desse projeto”, afirmou Platiny.
Platiny Soares é praça da PM e foi expulso da corporação por ter liderado um movimento de protesto na Assembleia Legislativa do Estado em 2012. Fora da Polícia Militar, ele fundou a Associação dos Praças, entidade não reconhecida pela cúpula da Segurança Pública do Estado até a greve de 2014, quando governador José Melo deu legitimidade a ele, chamando seus dirigentes para negociar, quando o então secretário da SSP dizia que não reconhecia a associação como representante legal dos praças.
Depois da greve, uma das maiores da história da PM, ele se candidatou como representante da categoria e foi eleito a uma das 24 cadeiras da ALE. Agora, tenta livrar aqueles que extrapolaram o direito de reivindicar e praticaram atos que a Corregedoria da Segurança Pública investiga como crime.
O vídeo abaixo mostra uma das ações dos PM que estão respondendo a processo na Corregedoria.