Do ATUAL
MANAUS — O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, repudiou o plano descoberto pela Polícia Federal para matar o presidente Lula, seu vice Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo o arcebispo, esse plano é uma “situação gravíssima, democraticamente falando, uma agressão em termos constitucionais”. Steiner disse que o momento atual deve ser encarado com muita seriedade, pois os interesses econômicos e políticos dominam, favorecem grupos específicos e geram perda do bem comum.
“É claro que hoje vivemos um momento muito difícil. Dos interesses econômicos de grupos que elegem os seus e esses seus só trabalham para beneficiar os grupos que ali estão, que são às vezes grupos econômicos. Temos que voltar a fazer a verdadeira política, a verdadeira política tem um nome alto, a caridade, por causa das relações sociais”, afirmou.
Ao ser questionado sobre como evangelizar diante dessa situação, especialmente considerando que o extremismo muitas vezes afeta os mais vulneráveis, o arcebispo afirmou que a Igreja tem um papel fundamental na “educação para a democracia e educação para a política, mas a verdadeira política”.
“Existe da nossa parte uma exigência de despertarmos na nossa comunidade a importância da política, mas uma política mais do bem comum, onde as instituições sejam respeitadas e onde quem foi eleito seja respeitado. E não por ser eleito, agora comece a buscar modos para se perpetuar no poder. Espero que nós, arquidiocese, consigamos fazer nosso trabalho nesse sentido”, disse.
Leonardo Steiner disse que embora existam hoje diversos canais virtuais para disseminar ideias rapidamente, o contato direto com as pessoas é fundamental para a missão da arquidiocese.
“Provavelmente teremos que fazer um trabalho junto às comunidades. Hoje existe todo um sistema de transmissão de ideias virtuais […] aos quais nós não temos muito acesso e dinheiro para sustentar isso, mas temos o contato com a comunidade, o contato com as pessoas da comunidade”, disse.
O arcebispo enfatizou a importância da política, lembrando que o papa São Paulo VI e o papa Francisco afirmaram que “a política é uma expressão nobre da caridade”. Ele lembra que a política lida com as relações e os cuidados necessários para o bem-estar coletivo.
Steiner defendeu a participação da Igreja na orientação política para prevenir contra regimes políticos autoritários. “Talvez nós tenhamos que privilegiar esse modo de relação e ver que os partidos políticos, que prezam as relações sociais e que prezam a democracia, arrumem modos e meios para que, nesses meios de comunicação, levar e mostrar a importância que a política tem”, concluiu.