SÃO PAULO – Os pilotos da aviação brasileira alegam que estão trabalhando com “fadiga extrema”, em virtude da legislação ultrapassada, e cobram mudanças nos turnos. A lei 7.173/84 determina que o período de trabalho dos profissionais do setor seja de até 60 horas semanais.
A Câmara ainda analisa o projeto de lei (PL 4824/12), que amplia direitos trabalhistas dos aeronautas. O projeto tem caráter conclusivo e precisa ser analisado pelas comissões de Viação e Transportes; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e ainda Constituição e Justiça e de Cidadania.
Para o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a jornada atual de 60 horas, somada ao modo de formulação das escalas, torna praticamente impossível o descanso adequado entre as viagens. O comandante Adriano Castanho alega que não são raros os casos de pilotos que dormem profundamente durante um voo. “Temos o relato de um piloto combinar com o outro: “Olha, eu estou cansado e vou dar uma descansada, tudo bem?’ E quando ele acorda o outro piloto também está dormindo”, ressalta.
A situação tem obrigado os profissionais do setor a adotarem outras alternativas para se manterem acordados. Ouvido pela reportagem da Rádio Estadão, um tripulante – que por temer represálias prefere não se identificar – relatou que é comum uso de medicamentos para ficar acordado. “Na verdade os pilotos já entram cansados no avião. Pra tentar mitigar esta questão, é tomar bastante café, e por vezes tomar algum medicamento.”
O presidente da Comissão Nacional de Estudos de Fadiga explica que há um projeto parado no Congresso com o objetivo de alterar a lei. Enquanto não ocorre a aprovação, o comandante Paulo Licatti defende que é importante que as companhias aéreas sejam mais sensíveis à questão.
Seguro
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) está envolvida diretamente na reformulação da lei. O presidente, Eduardo Sanovicz, não vê ligação entre a fadiga extrema e a segurança.
Para ele, viajar no Brasil é algo extremamente seguro, sendo preciso muito cuidado para não se fazer alarde de uma situação que não existe. “Não existe nenhum tipo de risco, não existe nenhum tipo de insegurança ligada a esse tema. Se alguns aeronautas estão denunciando que se sentem cansados, isso significa que a gente pode reestudar isto, e estamos fazendo isto”, afirma o presidente da Abear.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(da Agência Estado)