Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – A Polícia Federal prendeu, na última segunda-feira, 3, no município de Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus), o dono do Hotel Maylu, Romivam Nunes Lima, por suspeita de promover migração ilegal.
O MPF (Ministério Público Federal) afirma que o hotel dele fazia parte de uma rota liderada por organização criminosa usada por asiáticos para entrar ilegalmente no território norte americano.
De acordo com o MPF, as suspeitas de prática de crimes de promoção de migração ilegal tiveram início quando policiais federais realizavam fiscalização de rotina no Aeroporto Internacional de Tabatinga, onde notaram um grande fluxo de estrangeiros advindos de países da Ásia.
A Polícia Federal apurou que a viagem para Tabatinga se tratava de uma rota de passagem, liderada por organização criminosa, cuja intenção era a migração ilegal para o território norte americano.
As investigações identificaram que os imigrantes eram transladados do aeroporto para o Hotel Maylu.
Em trecho do relatório enviado à Justiça Federal, o MPF aponta que “o hotel de Romivam Nunes Lima constantemente é usado como ponto de apoio dos estrangeiros no longo trajeto que percorrem de Bangladesh, passando por São Paulo e Tabatinga, até chegarem aos Estados Unidos”.
Diante das provas encontradas durante a investigação, a Polícia Federal pediu para cumprir busca e apreensão no hotel. Na segunda-feira, 3, ao cumprir o mandado, os policiais federais prenderam em fragrante Romivam Lima.
De acordo com o MPF, na operação realizada pela Polícia Federal no Hotel Maylu, foram encontrados com Romivam dois passaportes e um protocolo de refúgio, pertencentes a três imigrantes que estavam hospedados no hotel.
O dono do hotel disse, em depoimento à polícia, que estava retendo os documentos dos estrangeiros por conta da falta de pagamento de estadia por parte dos hóspedes.
A Polícia Federal também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de MD Mouheuddin, conhecido como Sam, apontado como ‘chefe’ dos estrangeiros, onde foram encontrados materiais que evidenciavam a ligação entre ele e o dono do Hotel Maylu. O MPF citou alguns deles na representação.
“Dentre os indícios é possível elencar cadernos e pastas, os quais contêm documentos que evidenciam uma contabilidade paralela de Romivam Nunes Lima, bem como anotações referentes à hospedagem dos bengalis no hotel, como data de ingresso no estabelecimento e pagamento das estadias”, afirmou o MPF.
Ainda conforme o MPF, o próprio Romivam disse, ao ser interrogado, que Sam ia ao hotel todos os dias levar comida para os estrangeiros.
Para o MPF, não bastasse o fato de reter os passaportes dos estrangeiros, o dono do hotel obtém grande vantagem econômica ao integrar uma cadeia criminosa que promove o ingresso ilegal de pessoas no território estrangeiro, sendo necessária uma repressão adequada.
Na quinta-feira, 6, o MPF pediu a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva. O pedido ainda aguarda análise da Justiça Federal.
O Ministério Público Federal alega que “a manutenção da custódia é medida essencial para a garantia da ordem pública, não só pela gravidade da prática como pela possibilidade de sua reiteração”.
“Isso porque há indícios de que, por diversas vezes, grupos estrangeiros se hospedaram no hotel Maylu, aguardando a data acertada para continuarem seu trajeto”, afirmou a procuradora da República Aline Morais Martinez dos Santos.
Para o MPF, caso seja decretada a liberdade de Romivam Lima, mesmo que tenha que cumprir outras cautelares, provavelmente ele continuará com a prática delitiva, prestando apoio aos estrangeiros na empreitada de ingresso clandestino nos Estados Unidos.
“Além disso, ele poderá recepcionar novos grupos de pessoas, continuando a prática de promoção de migração ilegal, como supostamente faz com recorrência”, afirmou a procuradora.