Do ATUAL
MANAUS – Dois servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foram presos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (20), na Operação Última Milha que investiga o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Foram detidos Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky. O uso ilegal do sistema ocorreu entre 2019 e 2022.
Os agentes federais cumprem 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moares, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Moraes determinou ainda o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto, terceiro na hierarquia da Abin, e mais quatro servidores.
Paulo Maurício Fortunato foi diretor de Operações de Inteligência, responsável pelo software de monitoramento de celulares, no governo Bolsonaro.
De acordo com a PF, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo – invasor, que acessa número de telefones remotamente. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.