Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – A Polícia Federal apura na Operação Acta Passio, de combate a fraudes contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), se os documentos usados para obtenção dos benefícios foram expedidos em mutirões no interior do Estado. O delegado Diego Barroso disse em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (29) que dois irmãos são os principais suspeitos.
“Os documentos são verdadeiros, mas com nomes inventados, de pessoas que não existem, a partir de variações com os primeiros nomes dos investigados”, disse o delegado. “Onde está a falha é o que vamos investigar. Vamos aguardar os depoimentos para saber”, acrescentou.
O nome da operação, Acta Passio, remete aos irmãos gêmeos Cosme e Damião, santos da igreja Católica. Os investigados foram intimados a depor. A PF não divulgou os nomes deles. A investigação começou em 2020.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra os irmãos. Um veículo foi apreendido e, de acordo com Diego Barroso, foi comprado a prazo por um dos investigados com dinheiro obtido com os benefícios fraudados. “Além do crime previdenciário, ele cometeu estelionato”, disse o delegado.
Diego Barroso afirmou que os documentos sempre o mesmo nome dos investigados, mas com variações no sobrenome. Foram 16 benefícios concedidos, com pagamentos que somam R$ 200 mil. Os pagamentos foram suspensos e depois cancelados. Diego Barroso disse que se não fossem identificadas as fraudes, o prejuízo estimado chegaria a R$ 1,5 milhão.
De acordo com Barroso, às vezes as pessoas chegam nos mutirões previdenciários, civis ou eleitorais, realizados no interior, dizem que perderam os documentos, informam a data de nascimento, e novos são expedidos.
As fraudes foram descobertas pelo Núcleo de Inteligência da Previdência Social a partir de análise de pedidos de benefícios com inconsistências. De acordo com Diego Barros, somente a partir das investigações dos documentos apreendidos será possível identificar se há participação de terceiros, além dos irmãos.
“Não vamos descartar possibilidades. Vamos investigar se eles faziam [a fraude dos documentos] na residência ou não, se eles compravam ou não”, disse o delegado.