
Por Daniel Tozzi Mendes, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, da isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês e do novo programa de crédito consignado para funcionários de empresas privadas estão entre as prioridades do governo junto ao Congresso nos próximos meses.
Em entrevista exibida na noite do domingo (16), pela RedeTV!, a ministra afirmou que a PEC da Segurança Pública é uma “prioridade para o país” e que vai conversar com os líderes dos partidos no Congresso para acelerar a tramitação da pauta, ainda antes de o governo apresentar o texto final. “Não pode ser uma matéria que vire uma disputa supérflua, de lacração”, disse a ministra na entrevista ao programa PodK Liberados, apresentado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
Em relação à articulação política, Gleisi afirmou que é preciso saber quando fazer a “política da disputa” e a “política da mediação” e reconheceu que não será possível “aprovar tudo”, diante da posição minoritária do governo no Congresso. “Em muitas coisas vamos ter que ceder, e daí vamos graduando, o que é dentro do essencial”, disse. “Às vezes uma boa conversa resolve muito”.
A ministra afirmou também que pretende conversar com políticos da oposição, mas que vai evitar os que considera “radicais”, para não “gastar vela com santo ruim”. “Com quem é da conversa, mesmo sendo oposição, eu vou procurar dialogar. Agora, com aqueles que gritam, que agridem, não adianta gastar tempo”.
Gleisi disse ainda que tem “boa relação” com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e que trabalhou para que o PT o apoiasse na disputa pelo comando da Casa, no mês passado, quando ainda atuava como deputada. “Acho que foi correto isso. Ele [Motta] é uma pessoa que tem uma tranquilidade na condução. Então, eu acho que a gente tem tudo para se acertar”.
Edinho Silva
Gleisi Hoffmann negou que estaria trabalhando para vetar o nome do ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, para a presidência do PT – posto que deixou para entrar no governo, na semana passada.
A ministra disse que Edinho tem “todas as qualidades” para ser o próximo comandante da sigla, assim como outros filiados. “Temos que definir qual linha o PT vai atuar. A prioridade é a reeleição de Lula”, afirmou a ministra.
Fernando Haddad
Gleisi Hoffmann elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e reiterou que trabalhará pela aprovação da agenda econômico do governo, mesmo que tenha discordâncias com o colega.
“Posso ter minhas posições divergentes [com Haddad], isso é normal no processo democrático. Mas nesse lugar, a Secretaria de Relações Institucionais, estou para facilitar a vida do governo, do presidente e dos ministros. Eu vim para ajudar”, afirmou.
Gleisi disse que se reuniu com Haddad na semana passada para entender quais eram as prioridades da Fazenda e como poderia ajudar na aprovação das matérias no Congresso.
Entre os pontos de divergência com Haddad, a ministra lembrou que considera o limite de 2,5% de crescimento de despesas, previsto pelo arcabouço fiscal, como muito baixo. “Mas passou, foi aprovado, e vida que segue. Vamos cumprir o que foi aprovado”, disse Gleisi, que lembrou que o governo terá de fazer bloqueios no Orçamento já em abril por causa do teto de expansão dos gastos.
Gleisi afirmou que Haddad entregou o ajuste fiscal prometido e reduziu o déficit fiscal de mais de R$ 200 bilhões, em 2023, para menos de R$ 30 bilhões no ano passado. O feito, porém, não é reconhecido pelos analistas do mercado financeiro, segundo a ministra. “Não é certo o mercado ficar cobrando que corte os pulsos. Vai deixar de fazer as coisas?”, questionou.