
Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Alunos da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) consideram que aulas remotas não são ideais para acompanhar conteúdos, mas são a única alternativa para evitar o atraso na conclusão do curso. Nesta terça-feira (10) foram retomadas as atividades acadêmicas do segundo semestre ainda pela internet, algumas unidades adotaram o sistema híbrido.
Karlos Sena, de 19 anos, cursa Relações Públicas e teve a primeira aula na manhã de terça. Ele conta que apesar dos problemas envolvendo o acesso ao link para os encontros on-line, há um esforço por parte dos professores e estudantes que viabiliza o ensino.
“Nem todos os professores estavam familiarizados com essas ferramentas, porém o esforço deles para tentar lidar da melhor forma possível com esses imprevistos é louvável, a gente acaba por entender esse lado. Para falar a verdade, nós alunos também estamos tendo que conviver com confusões de vez em quando envolvendo o uso de algumas plataformas”, disse.
O estudante afirma que as aulas remotas evita que o calendário acadêmico fique ainda mais caótico. “Lógico que todos gostaríamos de estar cursando presencialmente. Chega até a ser melancólico só de pensar na possibilidade, mas é mais uma imposição do momento pandêmico em que estamos vivendo”.

Carlos Viana, 26 anos, está começando o segundo período de Contabilidade. Ele relata alguns problemas de organização que afetam o acesso às aulas. “A segunda matrícula acaba somente amanhã (nesta quarta-feira), então o período começou antes mesmo dos alunos solicitarem as disciplinas. Diante disso, não tive a oportunidade de me matricular em algumas disciplinas e fica impossibilitado do professor mandar o link da sala virtual”.
Carlos explica que a comunicação ocorre por e-mail, por onde os professores mandam os links das aulas, transmitidas pelo Google Meet, serviço de comunicação por vídeo. Alguns docentes criam grupos no WhatsApp para facilitar o contato.

No curso de Victor Gama, 22 anos, há um suporte melhor aos alunos para manter a organização no novo formato. “No início do semestre sempre é meio confuso porque às vezes o e-mail acaba não chegando. Mas o Centro Acadêmico e os representantes discentes do curso são importantes para essa organização”, conta o estudante de Licenciatura em Geografia.
Victor afirma que apesar das muitas questões que envolvem a modalidade remota, entende que é necessário dar continuidade ao modelo até o retorno presencial. “É importante para dar continuidade na formação de muitos estudantes que estão atrasados pelo fato da pandemia ter inviabilizado por um bom tempo as aulas”, diz.
Já o colega de curso, Rodrigo Mafra Nogueira, 20 anos, preferiu trancar a faculdade e voltar somente com as aulas presenciais. “Quando começaram as aulas à distância por conta da pandemia ano passado, foi meio complicado de acompanhar no dia a dia. E com o andar do ano não melhorou por conta do sistema de aula, que é pouco abrangente em relação à integração com os docentes, matérias do curso, dificultando ainda mais o acompanhamento dos assuntos”, relata.
No entanto, Rodrigo avalia que esse foi o meio encontrado pela instituição para não prejudicar os estudantes nesse cenário.

O estudante de Engenharia Química, Lucas Bandeira, 21 anos, sugere que alternar aulas à distância com presenciais pode ser um meio termo. “Um ensino híbrido, com matérias teóricas de modo remoto e o resto de forma presencial, talvez fosse uma opção melhor nesse momento levando em consideração que os alunos tomaram a primeira dose da vacina”, diz.
Lucas afirma que aparentemente, segundo o departamento do curso, todas as atividades serão remotas, inclusive os laboratórios. Até esta terça-feira, o estudante não havia recebido nenhuma informação sobre as aulas. “Ainda não tive aula e até agora tive zero comunicação com os professores. Não estou em nenhum grupo e também não estou em nenhuma sala no Google Classroom (plataforma com ferramentas para o ensino)”, conta.
Em situação parecida está Rebeca Vilhena, de 21 anos, de Jornalismo. Até terça-feira, só recebeu a confirmação da aula de sexta-feira (13). “Deveriam começar hoje. Até agora, minha única aula confirmada é na sexta. De resto, outros professores ainda não passaram informações sobre como as aulas irão seguir”.
Rebeca conta que no período passado, que também ocorreu de forma on-line, foi difícil manter o foco, mas depois de um tempo se adaptou. “Depois de um tempinho a gente vai se acostumando”.
Apesar dos obstáculos, a estudante defende o formato considerando a situação atual. “Apesar das dificuldades, estamos criando formas de nos adaptar ao contexto que estamos vivendo, e eu pessoalmente não iria querer ficar ainda mais atrasada na minha graduação”, afirma.

O reitor da Ufam, Sylvio Puga, afirma que a definição de como ocorrerão as aulas é definida por cada unidade acadêmica, que avalia as particularidades de cada curso. “Um conjunto de unidades (faculdades) definiu ser remoto e outra parte híbrido”. As orientações para planejamento e flexibilização de atividades presenciais na Ufam constam na Nota Técnica nº 001.2021, publicada esta terça-feira (10) no site da instituição.
De acordo com o documento, o planejamento para a flexibilização das atividades presenciais nos campi e nas unidades acadêmicas da Ufam terá três fases a serem implementadas: adaptação, implantação e avaliação, observando as ações possíveis definidas segundo a classificação de risco de disseminação da Covid-19 divulgada periodicamente pelo GTO (Grupo de Trabalho Operacional do Plano de Biossegurança da Ufam).
As fases são sequenciais e avançam de acordo com os resultados do monitoramento de casos suspeitos da doença do local.
Acesse a Nota Técnica completa.