A reunião convocada pelo Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) sob a batuta de Wilson Périco e Luiz Augusto Rocha, seus dois dirigentes, provou o acerto da expressão: crise é crescimento. A iniciativa, mais uma vez, provou que uma boa crise é um tônico que possibilita a mobilização de todos os atores alcançados por ela, obrigando-os a sair da própria caixa e pensar com liberdade e criatividade no rumo das soluções.
E foi exatamente isso que passou a acontecer no evento deste dia 23 de março, que começou a ferver virtualmente no fim-de-semana, quando os dois líderes, presos pelo isolamento terapêutico da Covid-19, soltaram as próprias imaginações cívicas e se puseram a conversar com quem sabe, pode e se dispõe a costurar a teia engenhosa das saídas para superar as ameaças da peste invisível. No final, mais de trinta protagonistas estavam em cena.
E é assim que as pessoas se superam e dinamizam seu poder de enfrentar e elucidar obstáculos. E não foi outra coisa que começou a fluir, em formato de bonança, com céu claro, depois de segunda-feira matinal e diluviana. Os participantes saíram contaminados positivamente pelo germe da esperança, na certeza de que, juntos, irmanados e decididos, tudo o que há de bom pode acontecer.
Comitê Indústria ZFM – Covid-19
O Comitê Indústria ZFM Covid-19 proposto pelo Cieam – Luiz Augusto Barreto Rocha e Wilson Périco –, além dos conselheiros do Cieam, está formado pelas principais lideranças do setor produtivo: Fieam, Antônio Silva; Eletros, José Jorge Júnior; Abraciclo, Marcos Fermanian; FAEA, Muni Lourenco; em cooperação com a Secretaria de Estado e Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas (Sedecti), Jório Veiga e Renato Freitas; Fazenda Estadual, Dário Paim; Suframa, Coronel Alfredo Menezes; II Região Militar, General Eduardo Pazuello; Defensoria Pública, Rafael Vinheiro Monteiro Barbosa; Acadêmicos Márcio Holland, FGV e Augusto Rocha, UFAM; dos consultores, Saleh Hamdeh, Marx Gabriel, Alfredo Lopes e Fabíola Abess, entre outros integrantes de diversos órgãos, e os demais convidados que justificaram suas ausências. O movimento foi criado para mobilizar competências e recursos objetivando enfrentar a pandemia do coronavírus e seus reflexos na economia do Amazonas e suas reuniões serão frequentes.
Desconcentração industrial do país
O presidente do Cieam, Wilson Périco, um dos promotores do Comitê Indústria ZFM Covid-19, destacou uma pergunta de Marcio Holland em sua apresentação. “Como estaria São Paulo, onde mais explodiu os casos do novo coronavírus, se as 500 empresas vinculadas à Suframa estivessem lá e não em Manaus?”
Dados levantados pelo Ministério da Saúde ajudam a entender a adversidade deste cenário. Ou seja, além de contribuir fortemente na geração de riqueza e crescimento econômico, o fato do Polo Industrial de Manaus representar desconcentração da atividade econômica se mostrou importante para o País nesse momento de pandemia. Mais do que isso, disse o empresário: Temos condições de produzir aqui os itens e produtos necessários para ajudar a população do País nesse momento onde explode a demanda de máscaras, ventilador pulmonar, álcool em gel, EPIs… alguns desses produtos demandados pelo Ministério da Saúde”. Em suma, “…é muito gratificante e motivo de realização pessoal, ver a integração entre Governo do Estado, SUFRAMA, entidades de classe , academia, defensoria pública , enfim, toda a representação da sociedade na discussão de possibilidades de colaboração, com foco no cidadão, para minimizar o sofrimento da população do nosso Estado!”
Isolamento social e depressão pessoal
Há uma semana a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou estado de pandemia para o coronavírus. Bastou o alarme se espalhar pela mídia para deixar o planeta em parafuso. A avalanche de notícias invadiu as empresas, os lares e as demais células do tecido social em escala global. A recomendação de isolamento desencadeou outra pandemia, a patologia emocional diante da eventualidade letal do vírus perverso. E é neste contexto que a formação do Comitê Indústria ZFM – Covid-19 é uma notícia alvissareira e a confirmação do papel vital das lideranças na sociedade. A mobilização dos atores citados que, por sua vez, movimentares seus pares da hierarquia institucional, mostra a sensibilidade de quem tem visão de totalidade, compromisso com a alteridades e capacidade de compreensão e equação dos problemas.
Inteligência emocional
Uma das habilidades mais reverenciadas nas grandes corporações, e em todas as instituições responsáveis pela gestão de questões vitais da economia e dos conflitos sociais, chama-se inteligência emocional. Este é o nome das virtudes que descrevem a sensibilidade das lideranças, capazes de mapear nos indivíduos atitudes, capacidades e motivações. Esta habilidade é capaz de fazer brotar lideranças onde antes havia apatia e conformismo.
Ou seja, criar um ambiente onde todos possam externar seu compromisso, responsabilidade e espírito público. Em seu depoimento, Luiz Augusto Barreto Rocha, que dirige o Conselho Superior do Cieam, e muito se empenhou para consolidar o Comitê, definiu o evento como “…uma interlocução única entre o setor produtivo e outras instituições para uma guerra comum a favor da saúde pública e pela sobrevivência do sistema econômico do Amazonas”. Entre outros avanços, destacou a boa vontade de todos os presentes e a disposição de encontrar formas de proteger a sociedade e seus membros.
E arrematou: “ …o grande desafio, que compete ao governo federal liderar, com a ajuda de todos, claro. Por uma razão muito simples, somente a União Federal terá a capacidade de coordenação de todos os recursos necessários ao enfrentamento deste momento tão difícil, posto que será necessário muito recurso para financiar as medidas de solução”.