Esta semana, no mundo todo, comemoram-se os 05 anos de pontificado do Papa Francisco. No dia 13 de março de 2013 foi escolhido esse argentino, como o novo líder mundial da Igreja Católica, após a renúncia de Bento XVI. Desde então, a cada dia, o mundo se surpreende com a dedicação, as mensagens e os gestos do Papa Francisco em direção a um mundo mais justo e de paz.
O nome Francisco é em homenagem a São Francisco de Assis, o santo da paz, da natureza, da dignidade humana. Daí a grande inspiração do Papa Francisco e por isso a sua dedicação pelos mais pobres, pelos os marginalizados da sociedade.
Papa Francisco está renovando a Igreja. Não é fácil. Mas seus gestos, a sua simplicidade e palavras propõem uma Igreja a serviço dos mais necessitados. Diz ele que o “verdadeiro poder é o serviço”. Um grande exemplo para a maioria das autoridades, que querem mostrar poder e força, em vez de servir o povo.
O Papa esteve no Brasil, participando da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que contou com a presença dois milhões de pessoas do mundo todo, a maioria jovem. Ressaltou a importância de cuidarmos dos jovens, de criarmos oportunidades no trabalho, na educação, na cultura, na vida.
Vários documentos foram editados pelo Papa. A Encíclica ‘Lumen Fidei’ (A Luz da Fé), de 2013, fala da Igreja e da fé como uma luz que dissipa as trevas e ilumina o ser humano, e a fé na construção de um bem comum.
Também muito contundente a Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A Alegria do Evangelho), também de 2013, onde o tema central é o anúncio missionário do Evangelho e sua relação com a alegria cristã, mas fala também sobre a paz, a justiça social, a família, o respeito pela Criação (ecologia), o ecumenismo, o diálogo inter-religioso e o papel das mulheres na Igreja.
Esse documento do Papa Francisco também crítica o consumo da sociedade capitalista, e insiste que os principais destinatários da mensagem cristã são os pobres. Acusa também o atual sistema econômico de ser injusto, baseado na tirania do mercado, na especulação financeira, na corrupção generalizada e na evasão fiscal.
Mas a Encíclica ‘Laudato Si’ (Louvado Seja), de 2015, foi a que mais chamou atenção no mundo todo. “Louvado Sejas, meu senhor”, cantava São Francisco de Assis, agradecendo e exaltando a Deus pela criação do mundo e pela vida. Chamava a Terra de mãe, que acolhe a todos pelos braços.
Por isso, o Papa Francisco condena a incessante exploração e destruição do ambiente, responsabilizando a apatia, a procura do lucro de forma irresponsável, a crença excessiva na tecnologia e a falta de visão política. O Papa afirma que as alterações climáticas são um problema global com implicações graves: ambientais, sociais, econômicas, políticas e de distribuição de riquezas. E diz mais, que a destruição sem precedentes dos ecossistemas, que terá graves consequências para todos nós.
O Papa pergunta: Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta Terra? O Papa Francisco nos convida à conversão ecológica, que permita assumir o cuidado da ‘Casa Comum’.
Outras mensagens importantes do Papa Francisco merecem destaque: A instituição do Ano da Misericórdia, a Exortação Apostólica ‘Amoris Laetitia’ (A Alegria do Amor), de 2016, que fala da importância das famílias.
Para a Campanha da Fraternidade de 2018 no Brasil, com o tema Fraternidade e Superação da Violência, o Papa Francisco diz: “Sejamos protagonistas da superação da violência, fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos. Uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia a dia, com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade”, diz o Papa.
O Papa também se preocupa com a política. Sobre o tema da participação dos leigos e leigas na esfera pública, explicou que “envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos. Devemos participar na vida política porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos devem trabalhar na política”, assegurou o Papa, ante milhares de crianças e jovens que o ouviam.
Mas o Papa disse mais: “Alguém me dirá, mas não é fácil. Tampouco não é fácil chegar a ser sacerdote. Não são coisas fáceis porque a vida não é fácil. A política é muito suja, mas eu me pergunto: Por que é suja? Por que os cristãos não estão revestidos do espírito evangélico”.
O Santo Padre assinalou também que “é fácil dizer ‘a culpa é dele’… mas e eu, o que faço? É um dever! Trabalhar pelo bem comum é dever de um cristão! E muitas vezes para trabalhar o caminho a seguir é a política”.
Esse é o Papa, que na visita à Bolívia, no dia 9 de julho de 2015, disse: ”nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma veneranda velhice”.
Desejamos muita saúde e longa vida ao Papa Francisco.
Aproveitamos para fazer o registro pelos 10 anos de falecimento de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, presente em 180 países no mundo, com sua mensagem da unidade, fraternidade e diálogo entre as pessoas, em busca de um mundo mais justo, fraterno e unido.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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