A população dos municípios de Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Manaquiri, além de sofrer com a pandemia da Covid-19, com a enorme enchente, com a situação e abandono da BR-319 e os altos custos da balsa da Ceasa, também está sendo prejudicada com a falta de água potável e energia.
Na semana passada, estive visitando estes três municípios para prestar contas do mandato e fiscalizar a aplicação dos recursos de emendas parlamentares. Conseguimos aprovar emendas parlamentares, com recursos para compra de ambulância para o Careiro da Várzea; para a Escola Estadual Tancredo Neves, para a saúde básica e para a UEA do Castanho; e também para assistência social, saúde básica e conselho tutelar de Manaquiri.
Ouvindo moradores, trabalhadores, funcionários públicos, agentes de saúde, professores, lideranças comunitárias e religiosas, é possível ter um retrato do sofrimento da população neste momento da pandemia e da histórica enchente dos rios.
No Careiro da Várzea, toda a área urbana foi alagada, principalmente, a vila, que é a sede do Município. Todas as instituições foram fechadas e as ruas interligadas por pontes de madeira. Também visitei no período da enchente. Agora, tenta voltar à normalidade. Um dos maiores problemas enfrentados é a falta de água potável. O serviço é do Estado, por meio da Cosama, mas não abastece a todos, segundo moradores. É urgente a construção de um sistema de abastecimento na cidade e sistemas isolados nas comunidades, onde terão problemas agora com a estiagem, onde muitas ficarão isoladas.
No local onde aporta a balsa da Ceasa, o Gutierrez, continuação da BR-319, o sistema de água está ainda mais precário, com apenas uma hora de água diariamente, segundo o pescador Egídio. Ele tem um box de venda de artigos de pesca, na feira improvisada, visto que a feira municipal há vários anos está em obra.
No Careiro da Várzea, a Associação de Pecuaristas e o Sindicato Rural informaram que todas as centenas de pequenos produtores perderam com a enchente, com a morte de gado por falta de pasto. Esta situação reduz o abastecimento de carne para Manaus, além de contribuir para aumentar os preços. Os pecuaristas precisam de ajuda do poder público.
No Careiro Castanho, no ramal do Mamori, reunimos com lideranças comunitárias e de agricultores. A enchente isolou várias comunidades, com a interdição dos ramais. O pleito principal é a manutenção permanente dos ramais para o escoamento da produção. Mas precisam de auxílio público, como o que foi aprovado no Congresso, com a Lei Assis Carvalho, para auxílio aos agricultores familiares.
Lideranças do Partido dos Trabalhadores denunciaram a constante falta de energia no Município do Castanho. A falta é diária, causando transtornos e prejuízos para moradores, comerciantes e produtores rurais. Desde a privatização da Amazonas Energia e o fim do Programa Luz para Todos pelo Governo Bolsonaro, a tarifa de energia aumenta constantemente e o serviço piorou.
A enchente também afetou a BR-319, que teve vários trechos alagados, dificultando o tráfego de veículos, chegando a romper num trecho. Mas pudemos constar que vários pontos da estrada estão prestes a também romper, apesar do recuo das águas. A estrada precisa de rigorosa manutenção. É responsabilidade do DNIT. O trecho de 100 km até a sede do Castanho está perigoso, com inúmeros buracos. O drama da BR-319 parece não ter fim. Além de não ter previsão do asfaltamento dos 400 km do meio, não há um planejamento para a manutenção permanente da estrada.
E se a BR-319 tiver concluída, e aumentar o fluxo de veículos, outro problema já aflige há muito tempo os moradores dos municípios do entorno, principalmente, do Careiro da Várzea, Castanho, Autazes, Manaquiri e outros que se interligam com a estrada: é o péssimo serviço e alto custo da travessia do Rio Negro, por balsas que saem da Ceasa. Paga-se na ida e na volta. Fica muito oneroso para os produtores rurais, que escoam seus produtos para Manaus. O serviço é privado, com a anuência do Governo Federal. Está na hora de uma intervenção neste serviço.
Por isso, não é só a pandemia motivo de sofrimento da população, mas o descaso de políticas públicas por parte dos governos Estadual e Federal.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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Bem que a Estrada BR-319 poderia ter sido completamente restaurada no 14 anos de Governos do PT(2003-2016); Lembro muito bem que em 2009, o ex-Presidente Lula prometeu para os Cidadãos de Manaus: “Por isso, meu querido Eduardo, meu querido ministro Alfredo… O
Alfredo, agora, tem um compromisso conosco, que é fazer a BR-319. E não é
um compromisso dele, é um compromisso nosso. É uma questão de honra para nós poder ir de carro daqui para Porto Velho, sem precisar ficar dias, de barco”
*Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nacerimônia de inauguração do Conjunto Habitacional Cidadão
Manaus-AM, 27 de abril de 2009
Fonte: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/presidencia/ex-presidentes/luiz-inacio-lula-da-silva/discursos/2o-mandato/2009/27-04-2009-discurso-do-presidente-da-republica-luiz-inacio-lula-da-silva-na-cerimonia-de-inauguracao-do-conjunto-habitacional-cidadao