Por Iolanda Ventura e Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – O retorno das aulas presenciais na rede pública de ensino em Manaus, nesta segunda-feira, 10, teve protesto de professores, ameaça de greve e pais inspecionando as escolas para conhecer as medidas de segurança sanitária. A Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) e os sindicatos dos professores divergem sobre a retomada das atividades educacionais, que começam com as aulas do ensino médio. A Seduc garante que as medidas preventivas são seguidas e classifica o movimento grevista como ‘político-partidário’.
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De acordo com o secretário de Educação, Luis Fabian Barbosa, é esperado que os responsáveis se sintam inseguros e que por isso podem ir às escolas verificar a adoção das medidas de prevenção. “É natural que as pessoas ainda estejam um pouco temerosas e a recomendação que a gente tem feito é justamente essa, que os pais visitem as unidades escolares de seus filhos e possam se certificar de que nós tomamos as medidas necessárias”, disse.
É o caso de Ana Zane, 57, mãe de uma estudante do Colégio da Polícia Militar no bairro Petrópolis, zona centro-sul de Manaus, que esteve no colégio para conhecer as medidas de higiene. “Primeiro, eu vou verificar a escola como está. Vou dar uma olhada no banheiro, o distanciamento tem que ser 1,5 metro de carteira para carteira. Vou olhar como está tudo para poder mandar ela (filha), porque a minha vida e a do meu marido são mais importantes do que a escola aqui né? Se não estiver (com segurança) ela não vem”, disse.
Luis Fabian classificou o movimento grevista do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) e Asprom (Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus) como ‘político-partidários’. “O movimento grevista que hoje existe no seio desses dois órgãos (sindicatos) é um movimento imbuído de motivação político-partidária. Nós não queremos discutir política, a gente quer discutir educação”, disse.
Em ato simbólico de protesto nesta manhã foram usadas cruzes brancas representando as vítimas fatais da Covid-19, expostas na Bola do Produtor, no bairro Jorge Teixeira, zona leste. “O ato é contrário porque a pandemia ainda não foi superada. Por que que eu digo isso? Porque os índices ainda continuam altos, na verdade esses índices oscilam bastante. Um dia 500, um dia 900, outro 1200. Então não há um controle ainda da pandemia”, disse Kennedy Pinheiro, 33, professor do Ceti Áurea Braga, zona oeste.
Kennedy Pinheiro considera o retorno precipitado. “A gente entende que tudo isso é muito arriscado, uma vez que não há uma vacina, não há um remédio para combater o novo vírus”, alerta.
O secretário afirma que os dados são favoráveis. “O retorno da rede privada há cerca de 30 dias sem qualquer intercorrência nos dá a garantia que nós estamos prontos para retornar também”, afirma.
Luis Fabian cita a declaração recente do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, que recomendou a volta das atividades presenciais. “(Estamos) Corroborados inclusive pelas declarações dadas na semana passada pelo secretário-geral da ONU, que urgiu aos governos dos países-membros da ONU esse retorno assim que os índices de transmissão estivessem reduzidos e estabilizados, sob pena do mundo passar pelo que ele chamou de uma ‘crise geracional global’”, relatou.
Não vi distanciamento algum na entrada da escola… estudantes amontoados conversando, abraçando…