Os piores motoristas do mundo estão em Manaus

Não é novidade para ninguém que a maioria dos e das motoristas em Manaus dirige mal, mas nem por isso o tema deve ser negligenciado e a ponto de a sociedade pensar que não existe solução.

Grande parte do problema de lentidão no trânsito na capital amazonense é culpa dos e das motoristas. E a grande maioria não se incomoda de desrespeitar o código de trânsito e o direito dos e das que querem fazer a coisa certa.

Nicolas Júnior, cantor amazonense, eternizou em uma de suas composições a prática comum de motoristas em Manaus que só ultrapassam pela faixa direita da pista.

Nem sempre a culpa é do ou da motorista que comete a irregularidade. É quase uma obrigação de quem quer seguir com mais velocidade ultrapassar pela direita, porque os carros daqueles e daquelas que correm menos sempre ocupam as faixas à esquerda.

A ideia corrente no imaginário popular é a de que quem não sabe dirigir, está aprendendo ou tem medo de bater o carro, trafega sempre pela esquerda, o que contribui para travar o trânsito.

O Código de Trânsito Brasileiro diz:

“Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.”

O legislador brasileiro pensou tanto na segurança dos que trafegam pelas vias quanto na relação humana saudável e amistosa que devem ter os condutores e as condutoras para a garantia da paz no trânsito.

O Artigo 30 do Código de Trânsito Brasileiro é um dos mais estudados nas escolas de formação de condutores e condutoras, mas um dos menos praticados em Manaus.

Para a maior parte dos e das motoristas ser ultrapassado por outro veículo chega a ser uma ofensa. E, ao contrário do que diz a lei, o condutor ou condutora, em vez de deslocar-se para a faixa da direita, mantém-se na esquerda e ainda reduz a velocidade.

Mesmo em vias de grande circulação e de velocidade essa prática é comum. Por exemplo, na Avenida das Torres e na continuação dela, chamada Avenida das Flores, os carros trafegam na faixa da esquerda e nem adianta insistir para que ele se desloque para a faixa do meio. Isso só acontece uma vez a cada 100 casos.

A impressão é de que o condutor ou condutora alugou aquela faixa. Querer que ele/ela saia da pista alugada é uma ofensa inaceitável. Alguns/algumas dizem que estão dentro do limite de velocidade da via e, portanto, não são obrigados/obrigadas a dar passagem, porque quem vem atrás deve fazer o mesmo.

Mas não é disso que trata a legislação, mas de segurança no trânsito. Ao ultrapassar pela direita, os riscos de acidente aumentam, principalmente quando as vias têm apenas duas faixas.

Voltaremos ao tema.

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*Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.