Por Felipe Campinas e Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – No primeiro dia de funcionamento, nesta quarta-feira (19), o Centro de Testagem Municipal no Centro de Convenções Vasco Vasques amanheceu com uma fila que cercava o local, dando a volta no quarteirão. Pessoas na fila relataram à reportagem do ATUAL estarem aguardando desde às 5h.
Em entrevista coletiva no Vasco Vasques nesta manhã, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que mais de 90% dos casos do novo coronavírus no estado são da variante ômicron. Segundo Lima, a variante tem taxa de transmissibilidade maior que as demais. À noite, a FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) confirmou os números: 93% dos casos são da ômicron.
“Enquanto uma pessoa infectada por outra variante, pela Delta, P1 [Gama] transmitia para até 105 pessoas, uma pessoa infectada pela Ômicron transmite para até 216 pessoas”, disse o governador.
Quem espera o atendimento afirma que, devido ao grande número de pessoas, fica confuso em relação à continuidade da fila do lado de fora, prejudicando o fluxo. Ao chegar na porta do Vasco Vasques, a entrada é liberada para 15 pessoas por vez. No ambiente interno, há cadeiras para aguardar. Veja o vídeo aqui.
Depois que entram e aguardam nesse espaço, são encaminhadas para outro ambiente, onde passam por triagem. É somente neste momento que ocorre a divisão de prioridades. O procedimento adotado gerou reclamações de idosos, que queriam entrar, mas foram informados que teriam que ficar na fila externa e apenas na área interna seriam priorizados.
Concluída a triagem, é feito o teste da Covid-19, também em outro ambiente. Quem testa positivo, é encaminhado a um médico para depois retirar a medicação receitada.
Francisco Carlos dos Santos Moreno, 59 anos, afirma que chegou por volta de 6h10 e fez o teste às 10h15. Ele testou negativo, mas precisou aguardar a esposa encaminhada ao médico. “O dia nós tiramos para vir para cá”, afirmou.
Ana Paula da Silva, de 33 anos, mora no bairro Nova Cidade, zona norte. Saiu de casa 5h e chegou 6h30, mas já havia muitas pessoas. “Estava dando volta a fila”. Ana Paula testou positivo e precisou esperar para pegar a medicação. “Começou com a dor na garganta, febre e dor de cabeça.”, disse. Por volta das 10h, ela conseguiu ter o atendimento finalizado.
Ana Paula conta que terá que enfrentar a fila novamente. “Meus dois filhos estão com os mesmos sintomas. Então eu tenho que ir em casa e voltar para ficar na fila de novo para poder eles fazerem também. Vou fazer isso agora. Só estou esperando o meu cunhado terminar ali, vou voltar para a fila e ele vai em casa pegar os meus filhos”, relata.
A secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, afirma que com a alta procura, o horário para receber as pessoas que procuram o Centro de Testagem precisou ser reduzido de 19h para 17h.
“Porque se eu fecho às 19h, a gente não sai menos de meia-noite. Porque tem que atender todo mundo que está dentro e os profissionais estão extremamente cansados. Não tenho mais como colocar gente [profissionais da saúde] para trabalhar, porque tem muita gente doente”, disse. Segundo a secretária, são mais de 1,5 mil servidores com Covid-19.
Shádia Fraxe informou que a Semsa (Secretaria Municipal de Saúde) está ampliando o atendimento para testes, mas que não tem como evitar as filas.
“Não tem jeito, precisa ter paciência. O Brasil inteiro está vivendo isso, várias capitais a gente vê na televisão são filas enormes mesmo. Mas todos vão ser atendidos e a gente está aqui com o maior respeito e amor pela população”, afirmou.
Fraxe argumenta que a demora também ocorre na rede privada. “A minha filha foi fazer o exame num local particular e ela esperou 4 horas para fazer o exame e ainda pagou R$ 100. Sendo que aqui, além do exame, você já passa por uma consulta médica e já tem o seu tratamento para não ter que sair daqui e ainda ir a uma unidade de saúde procurar o atendimento”.
Com o teste e consulta no local, a ideia é evitar a procura pelas unidades de saúde que já estão lotadas. “Nós tivemos um aumento na procura por atendimentos em mais de 200% e estamos o tempo inteiro atrás de alternativas para melhorar o acesso”, afirmou a gestora.
A prioridade é para quem apresenta sintomas gripais. “É muito importante dizer que a gente vai priorizar as pessoas que estão com sintomas gripais. Não existe teste para toda a população, então a gente precisa priorizar os que estão se sentindo mal”, explicou Fraxe.
O longo tempo de espera para conseguir fazer o teste de Covid-19 também foi registrado no Centro de Testagem Municipal no Studio 5 Centro de Convenções. O ATUAL esteve no local na manhã dessa terça-feira (18), onde pessoas afirmaram estar a pelo menos 4h30 na fila aguardando. Da mesma forma, a fila para entrar no local era grande e exigia paciência.
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Nessa terça-feira (18), o boletim da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) chegou a registrar 4.975 novos casos de Covid-19, totalizando 457.408 casos do novo coronavírus no estado.
Esse é o segundo maior número de casos confirmados em 24 horas no Amazonas desde o início da pandemia, ficando abaixo apenas do notificado em 20 de janeiro de 2021, que teve 5.009 novos casos em um único dia.
Na quarta-feira, o recorde foi quebrado, com 7.505 casos de pessoas infectadas com o vírus da Covid-19 em 24 horas no Amazonas.