EDITORIAL
MANAUS – A crítica feita pelo senador e presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), não caracteriza desrespeito às Forças Armadas, como diz a nota assinada pelo ministro da Defesa, Braga Netto, e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Omar não mentiu sobre os fatos abordados, mas as declarações sobre casos de corrupção entre militares foram inoportunas.
O senador, nas duas manifestações durante depoimento de um ex-diretor do Ministério da Saúde, na quarta-feira (7), deixou claro que a crítica era direcionada aos militares que, estando no governo de Jair Bolsonaro, se envolveram em corrupção.
Aliás, Omar Aziz afirma, no início da primeira manifestação, que “as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia”.
Ele segue com esse raciocínio, afirmando que fazia muito tempo que não se via militares das Forças Armada envolvidos em corrupção. Em seguida, cita nominalmente alguns militares envolvidos, e conclui com a seguinte frase: “e haja envolvimento de militares”.
Depois, o senador voltou a falar sobre o assunto para dizer que não estava generalizando. “De forma nenhuma, nós estamos entrando aqui no mérito que as Forças Armadas têm.”
No entanto, a fala de Omar Aziz foi inoportuna porque feita em um momento em que os ânimos estão exaltados dentro e fora do governo, e, principalmente, na CPI da Covid, que ele preside.
As reuniões da CPI, aliás, são realizadas em um ambiente bélico, com uma guerra de interesses que não deixa dúvidas de que qualquer deslize pode ser usada contra o grupo que quer investigar o governo federal e o que o defende.
A nota do Ministério da Defesa e dos comandos das Forças Armada faz parte desta estratégia bélica entre governistas e oposição ao governo Bolsonaro.
Diz a nota que Omar Aziz desrespeita as Forças Armadas ao generalizar esquemas de corrupção. “Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.”
Não é verdade. Lamentável é nenhuma palavra foi colocada no texto sobre os casos já expostos de militares envolvidos em corrupção.
Fica evidente que o ambiente criado pelo avanço das investigações deixou os dois lados em estado de alerta para disparar a qualquer movimento do adversário nessa guerra de interesses.
Neste sentido, o presidente da CPI precisa ter mais cuidado com as palavras. Omar Aziz, desde o início dos trabalhos da comissão, tem se arvorado a dar conselhos aos depoentes e a fazer comentários sobre o que é feito e dito por terceiros. Nem sempre essas falas são acertadas.
A fala sobre as Forças Armadas foi um caso em que o senador acertou nos fatos, mas errou o alvo e deu munição à tropa de choque do governo.
Ninguém pode ser “rotulado como Culpado” sem um devido processo legal em um Estado Democrático de Direito, e isto não esta sendo respeitado nesta CPI, porém é estritamente respeitado quando vários destes mesmos Senadores são partes em processos que estão em tramitação no STF; É fato e é fácil notar que neste País sempre são “Dois pesos e duas medidas”.