
Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O presidente da CPI da Covid do Senado, Omar Aziz (PSD), disse nesta segunda-feira, 17, que os depoimentos colhidos até o momento indicam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi “mal orientado” e que o governo errou no combate à pandemia de Covid-19 no Brasil.
Omar afirmou que Bolsonaro foi “convencido por alguém” sobre o uso de medicamentos sem eficácia para o tratamento da Covid-19. O senador citou que a médica Nise Yamaguchi, que articulou mudança na bula da hidroxicloroquina, se dispôs a explicar na CPI a defesa do uso do medicamento contra a Covid-19.
“O presidente foi mal orientado. Até porque ele não tinha obrigação nenhuma, como eu não tenho obrigação (de ter conhecimento técnico). (…) O presidente não acordou em um belo dia da pandemia no Brasil e disse: ‘olha, eu sonhei que a cloroquina e a ivermectina salva’. Alguém o induziu a isso”, disse Aziz, à CNN.
Omar também citou como exemplo de que Mandetta defendia que pacientes com Covid ficassem em casa e só procurassem o hospital quando sentissem falta de ar, o que estava “completamente errado”. “A pessoa chegava no hospital com 60% e 70% do pulmão comprometido e já ia direto para a UTI”, disse Aziz.
Sobre o uso de medicamentos sem eficácia, Omar afirmou que, no primeiro momento, falar sobre cloroquina e ivermectina ou qualquer outro tipo protocolo de tratamento “era natural porque nós estávamos meio pedidos”. No entanto, persistir no uso dos medicamentos é “conflituoso com a ciência”.
Ao ser questionado se alguém mentiu na CPI da Covid, Aziz evitou falar em “mentira” e disse que houve “omissões”. Ele citou que os ex-ministros da Saúde Nelson Teich e Henrique Mandetta sabiam qual era o “grupo paralelo” que estava orientando o presidente, mas não falaram em depoimento na comissão.
Pazuello
Omar afirmou que a liminar concedida ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para ter direito a ficar calado da CPI da Saúde prejudicou o depoimento, pois o tornou “meio cerceado”. O presidente da CPI citou que Pazuello pode esclarecer as medidas do governo federal porque era ordenador de despesa.
Aziz afirmou que acredita que Pazuello não irá “priorizar aquilo que honrou defender, que é a pátria e o povo brasileiro” em nome de “relações pessoais”. “É através da sua própria consciência que ele poderá dizer quais os caminhos errados que nós tomamos e que poderíamos ter tomado do lado certo”, disse.
Sobre interferências de Carlos Bolsonaro, Omar disse que não vê razão para convocá-lo e que não quer politizar a comissão. “Nós temos que ter muito cuidado para que a gente não tente politizar. Se tiver algum fato que comprove que qualquer outa pessoa fora da área tenha tentado negociar, iremos convocar”, disse.