Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O senador Omar Aziz (PSD) desafiou o presidente da República, Jair Bolsonaro, a contestar a denúncia do deputado Luís Miranda (DEM-DF) de que o mandatário sabia do esquema de corrupção na compra de vacinas. Omar disse que Bolsonaro não se pronuncia sobre as acusações há 12 dias. O senador se manifestou na reunião da CPI da Covid nesta quinta-feira (8).
“Senhor presidente, chefe dessa grande nação brasileira, que tem várias pessoas que torcem pelo seu governo, como eu torço para que o Brasil dê certo. Por favor, presidente, diga para a gente que o deputado Luís Miranda é um mentiroso. Diga a nação brasileira que o deputado Luís Miranda está mentindo e que o seu líder na Câmara é um homem honesto”, disse Aziz.
Miranda disse que, após procurar Bolsonaro para relatar indícios de irregularidades em torno do contrato do Ministério da Saúde com a Precisa para a compra da vacina Covaxin, o presidente respondeu que era “coisa de Ricardo Barros (PP-PR)”, líder do governo na Câmara dos Deputados. Senadores acusam Bolsonaro de prevaricar.
Na manhã desta quinta-feira, no cercadinho do Palácio da Alvorada, Bolsonaro atacou os membros da CPI. “Só na cabeça de um cara que desvia do seu estado 260 milhões, como o Omar Aziz desviou, é que pode falar isso aí. Só um cara que tem 17 inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro no Supremo, como o Renan Calheiros, faz”, disse.
Em resposta, Omar disse que tem certeza de que o mandatário mandou vasculhar a vida dele e o desafiou a mostrar processo em que o senador é réu ou denunciado. Aziz também negou que tenha acusado Bolsonaro de ser “genocida”, “ladrão” ou de “fazer rachadinha”, acusação levada a público nesta semana pela ex-cunhada do presidente.
“O presidente Jair Bolsonaro, passou 50 minutos no cercadinho – um cercado que ele utiliza para assacar contra a honra de outros… De forma vil, me coloca como se eu tivesse desviado R$ 260 milhões. Não sei onde ele viu isso. Mas, infelizmente, como ele se informa através de compadre, de compadrio, de coisas pequenas, a gente releva”, disse Aziz.
O presidente da CPI disse que Bolsonaro “proporciona, pateticamente, falas contra a ciência” e que o depoimento da ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato na comissão, nesta quinta-feira, “está confirmando para o Brasil aquilo que a gente vinha falando sempre”.
Omar também disse que apenas acusou o presidente da República de ser contra a ciência. “Lhe acuso de ser contra a ciência. Isso está claro. Lhe acuso de não querer fazer propaganda para vacinação do povo brasileiro. Lhe acuso de tentar desqualificar as vacinas que estão salvando vidas. Isso eu lhe acuso, porque é verdade, é científico”, disse Aziz.
O presidente da CPI disse que enviará uma carta a Bolsonaro cobrando resposta sobre a acusação. “Hoje, eu, o vice-presidente e o relator estamos mandando uma pequena carta Ao senhor para que diga se o deputado Luís Miranda está falando a verdade ou mentindo. O senhor não responde”, afirmou Omar.
“Vossa excelência está perdendo a oportunidade. Faz 12 dias hoje que o presidente diariamente, no habitat dele, no cercadinho, que é o habitat do presidente do Brasil, fala para a nação de uma forma a assacar contra todo mundo. Presidente, não é o senhor que vai parar esta CPI. Ela vai se aprofundar”, completou o presidente da CPI.
Aziz negou que tenha atacado as Forças Armadas, questão levantada por governistas. “Ontem, não misturei as Forças Armadas com alguns que estão a serviço desse governo. Tanto é que quando o general Pazuello esteve aqui, pode procurar no depoimento todo, que eu lhe chamo de ex-ministro da Saúde”, disse Omar.