Da Redação
MANAUS – Oito mil pessoas deixaram de ter suas carteiras assinadas em abril de 2020 no Amazonas, segundo informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgadas pela Sedecti (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação).
As contratações tiveram uma diminuição de 51,24% em relação ao mesmo período do ano passado. Apenas 5,7 mil pessoas tiveram suas carteiras assinadas em abril em todo o Amazonas, enquanto que no mesmo mês de 2019 foram 11,7 mil.
O número de demissões também foi alto. Cerca de 14,2 mil pessoas foram demitidas, um aumento de 42% nos desligamentos quando comparados a abril de 2019. Para ter uma ideia da dimensão, se todas essas pessoas quisessem assistir um espetáculo no Teatro Amazonas, teriam que ser acomodadas em 20 sessões diferentes.
O acumulado de demissões no período de janeiro a abril também já supera o número final do ano passado. Foram 54,8 mil pessoas demitidas nesse período. Veja no gráficos abaixo.
A vice-presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Denise Kassama, explica que esses dados já eram esperados em decorrência da Covid-19. “Esse é um reflexo natural por conta da pandemia, uma vez que a atividade econômica reduziu. Antes já estávamos num processo de crise, tentando recuperação, estávamos numa faixa de 2% de desempregados no Brasil. Acredito que se somar os indicadores de maio esse desemprego é ainda maior”, disse.
Denise avalia que nos próximos meses, ainda com as atividades retornando, o resultado não será animador, mas que é possível esperar uma melhora a longo prazo.” Acredito que no curto prazo não recuperamos muita coisa, mas no médio e longo prazo vamos conseguir reduzir sim (o número de desempregados). Nesse processo de pandemia em que perdemos renda, o brasileiro de modo geral está com seus hábitos de consumo retraídos também, então até mesmo o consumo não está sendo feito mesma forma”, disse.
A economista entende que o crescimento deve acontecer quando uma vacina para a Covid-19 for encontrada. “O que nos falta neste momento é uma perspectiva de enxergar uma cura, isso em todo o mundo. Enquanto não se aponta uma cura pra essa doença, vamos viver com esses cuidados que impedem as atividades econômicas. Fazer uma campanha de valorização do produto nacional é de extrema importância nesse momento”, disse.
Setores impactados
Os profissionais da área da saúde foram os únicos que registraram saldo positivo em abril: foram 746 admitidos e 304 desligados. A indústria de transformação teve o menor saldo no mês de abril com -2.544 empregos, tendo 683 contratados e 3, 2 mil demitidos, em comparação com abril de 2020, a queda foi de 553%.
O Comércio foi responsável pelo segundo pior desempenho, com 1.252 contratações e 3,4 mil demissões. Veja a tabela abaixo: